Bodega Gimenez Mendez

Hoje a Bodega Gimenez Mendez possui um dos maiores portfólios de vinhos no Uruguai com distintas linhas e um grande número de rótulos. A vinícola ainda não possui visitas turísticas, mas tivemos a oportunidade de conhecer as instalações junto ao Gerente de Exportações Sebastián Gonzatto e um dos enólogos da vinícola, Mauro Giménez Mendez, que faz parte da família que administra a bodega.

A história da bodega começa há aproximadamente seis décadas na região rural de Montevidéu, com um projeto de seu fundador Luis Alberto Gimenez e seus irmãos para a produção de vinhos de mesa. Nessa fase, as uvas eram compradas e vinificadas em vinícolas de terceiros, em um momento onde, no Uruguai, somente se produzia e consumia esse tipo de vinho. No início dos anos 80, após um ter adquirido um bom patrimônio, eles terminaram a sociedade.

Nesse período, Luis Alberto casa-se com Marta Gimenez e tem seus filhos, mas o desejo de continuar produzindo vinhos sempre continuou com ele. No final dos anos 80 ele adquire as marcas 100 anos e Casco Viejo e pouco depois, em 1991, adquire a bodega onde ela está atualmente localizada, na cidade de Canelones, a 45 km de Montevidéu. Decidiram produzir vinhos Premium para os mercados doméstico e internacional. Foram necessários, alguns anos, fortes esforços e razoáveis investimentos em tecnologia e equipamentos para desenvolver os vinhedos e a vinícola que se encontrava parada por mais de 20 anos.

Em 1996 Luis Alberto faleceu e Marta Gimenez toma a frente dos negócios tornando-se a primeira mulher a dirigir uma vinícola, papel até então exclusivamente masculino. Marta foi muito bem-sucedida e chegou, inclusive, a ser presidente da associação Wines of Uruguai por 4 anos.

Focada primeiramente em domar a uva uruguaia nacional, a Tannat, Gimenez Mendez tornou-se um dos principais exportadores do Uruguai. Hoje a vinícola está entre os Top Five exportadores de vinho desse país e exporta para 25 países principalmente para o Brasil, além da Europa e Ásia. No mercado nacional uruguaio, mesmo com um consumo por habitante estável a Gimenez Mendez cresceu quase 50% no último ano, fazendo parte das principais cartas de restaurantes e lojas especializadas em vinhos.

Hoje a vinícola produz aproximadamente 700 mil garrafas por ano, sendo cerca de 50% consumidas internamente e 50% para exportação. As vinhas são plantadas em quatro regiões diferentes no sul do Uruguai: Las Brujas, Los Cerrillos, Canelon Grande e Montevidéu. A vinha Las Brujas é a mais importante. Esta vinha está localizada a 10 kms do Rio de la Plata. As quatro vinhas são totalmente administradas pelo Engenheiro Jorge Fernandez, mestre em agronomia, que está há mais de 25 anos trabalhando com a família. São produzidos vinte e quatro tipos de uvas, incluindo Tannat, Syrah, Petit Verdot, Malbec, Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Sauvignon Blanc. Ainda assim, uma pequena parte e algumas variedades de uvas como o Carmenere, que compõe um dos principais vinhos da Gimenez, o corte chamado Identity são adquiridas de outros produtores.

Devido a altíssima capacidade de armazenamento da vinícola, a Gimenez Mendez adotou a estratégia de ter ao mínimo uma safra guardada, para garantir o abastecimento dos clientes e a qualidade dos vinhos, que apesar do alto custo financeiro desse estoque, essa pratica é bastante valorizada no mercado internacional.

Durante a visita provamos alguns dos mais renomados vinhos da bodega, escolha criteriosa feita por nossos anfitriões. Da linha Alta Reserva provamos o Sauvignon Blanc 2017, o Malbec 2015 e o Touriga 2015, da linha Las Brujas o Tannat 2017. Além desses provamos o Cómplice Gran Reserva que será um rótulo de importação exclusiva para o Brasil, distribuído por um importador de Curitiba, o 100 Anos Reserva Familiar 2013 (um excelente blend de Tannat proveniente do vinhedo Las Brujas e o meu favorito da vinícola, Gimenez Mendez Super Premium Tannat 2013.

Algumas impressões sobre os vinhos estão a seguir:

Gimenez Mendez Alta Reserva Sauvignon Blanc 2017: Uma das uvas mais bem trabalhadas pela vinícola. Não passa por madeira, e segundo o enólogo o que se busca é a fruta em sua expressão mais pura. Os aromas e sabores remetem a maracujá principalmente, mas com notas de lima e abacaxi. Boa acidez e final cítrico e agradável. Nota 3,7 estrelas.

A curiosidade fica aqui com o rótulo do produto, que possui a inscrição “ENJOY IT” que muda de cinza para a vermelho quando o vinho atinge a temperatura ideal de consumo. O rótulo do vinho apresenta um gradiente de cores de acordo com a temperatura.

Viña Las Brujas Tannat 2017: Na minha opinião foi a maior surpresa da visita. Um vinho de excepcional custo x benefício a se considerar que custa no Uruguai menos de 25 reais. Esse 100% Tannat passa 6 meses em carvalho, tem bom equilíbrio e boa potência em boca com final frutado e de bom retrogosto. Uma ótima opção para o dia-a-dia. Nota 3,5 estrelas

Gimenez Mendez Alta Reserva Malbec 2015: Em uma degustação às cegas dificilmente eu diria tratar-se de um Malbec Argentino, a recordação mais frequente é de um Cahors. O vinho passa 10 meses em carvalho, tem boa estrutura e taninos firmes com notas de couro e herbáceos. Final de média persistência. Nota 3,6 estrelas

Gimenez Mendez Super Premium Tannat 2013: O meu favorito na vinícola produzido somente em safras excepcionais. A safra anterior a essa foi a 2009 que está entre os 10 melhores vinhos do Uruguai na minha opinião. O vinho passa 24 meses em carvalho 50% francês e 50% americano com aromas de frutas bem maduras, canela, chocolate e baunilha. Em boca tem leve herbáceo, muito encorpado com taninos redondos e notas de tabaco e madeira tostada. Final longo e firme. Nota 4,4 estrelas.