Alguns comentários sobre decantação de vinhos

O fato que me levou a escrever esse post foi a dúvida que surgiu recentemente em um jantar da confraria sobre decantar ou não um vinho de Navarra da safra 2000, o Alconde Reserva da vinícola Virgen Blanca.

Quando falamos em decantar o vinho, sempre existem opiniões favoráveis ou aqueles que acreditam que muito pouco altera na percepção em comparação a evolução de um vinho na taça.

Minha opinião particular é que quase todos os vinhos de guarda devem ser decantados, sou um dos defensores desse processo, mas entendo que em muitos casos ele pode se oxidar e o que seria um benefício acaba estragando o vinho. Fato é que não existe uma regra, cada vinho precisa ser cuidadosamente avaliado para definir qual a melhor maneira de obter todo seu potencial. E por isso digo quase todos.

Antes de tudo uma pequena explicação técnica para os mais leigos no assunto. O ato de decantar implica, simplesmente, na passagem do vinho da sua garrafa original para um recipiente (de cristal ou vidro), designado por decanter ou decantador que possui maior área de contato com o ar. Por norma, a decantação é feita quase exclusivamente aos vinhos tintos e beneficia-os de duas formas: elimina as borras acumuladas, especialmente em vinhos velhos que estão engarrafados há vários anos e permite que o vinho “respire”, ou seja, a oxigenação permite a total libertação dos aromas contidos numa garrafa, um processo que contribui de forma positiva para o seu paladar. Ainda assim alguns vinhos brancos podem ser decantados.

A grande pergunta que fica é: quanto tempo um vinho deve ser decantado, arejado, aerado ou oxigenado. E ela é realmente interessante e quanto tempo um vinho deve “respirar” leva a debate até os profissionais do vinho.

Há degustações em que os vinhos são decantados por horas para abrir todo seu potencial, porém pode ser uma experiência arriscada para quem tem apenas uma garrafa daquele vinho.

Voltando ao assunto do vinho de Navarra, após muitas dificuldades para abrir as duas rolhas que estavam completamente ressecadas, e avalia-lo em uma taça de prova, fui da opinião de não decantar este vinho, apesar de entender que ele eventualmente ainda estava um pouco fechado. O sommelier ao contrário achou que deveria ser decantado, mas no final optamos por servir sem decantar, evitando o risco de perder o vinho. Ainda assim, como tínhamos duas garrafas, colocamos uma parte de uma garrafa no decanter para avaliar.

Eis as observações:
– Mesmo sem a decantação (abriu em taça) foi eleito um dos melhores da noite frente a outros grandes vinhos.
– O vinho colocado no decanter estava completamente oxidado após cerca de uma hora. Não fizemos uma prova intermediária para avaliar quando tempo levou para oxidar.
Minhas conclusões são que ao decidir-se por decantar o vinho, esse processo precisa ser acompanhado de perto, com provas regulares para avaliar o melhor momento de servir o vinho.

Saúde aos amigos!!

14 comentários em “Alguns comentários sobre decantação de vinhos

  1. Muito interessante o tema Sitta, como tomo vinho muito sozinho, prefiro não decantar, e esperar evoluir em taça, já que levo horas para acabar uma garrafa, então taça a taça acompanho a evolução do vinho. Saúde amigo!!

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    1. Um eterno dilema . Passei a adotar o hábito nos últimos anos de decantar apenas metade da garrafa deixando a outra metade em garrafa p acompanhar as diferentes evoluções. Tem sido uma grande experiência pois as variações são incríveis .

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  2. Eu também sou daqueles que prefere ver a evolução do vinho sem decantar , paciência e o melhor adjetivo para tomar um bom vinho . Excelente matéria Sitta , grande abraço

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  3. Matéria interessante Sitta, é um dilema, normalmente testo em taça e espero um pouco pra ver a evolução, já perdi algumas garrafas no decanter ficando completamente oxidado.
    Mas sem dúvida um vinho velho mais fechado ele ajuda muito.

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  4. Tema interessante Rodrigo. Na maior parte das experiências que tive, o vinho “abre” bem após passar pelo decanter, isso tbm acontece na taça, como disse bem nosso amigo Zé, porém de uma forma menos intensa. Grande Abraço!

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