Vin de Constance –  Mais de 300 anos de história em cada garrafa.

English Version click here

Existem vinhos que podemos considerar um verdadeiro privilégio poder prova-los. Entre esses, quero destacar um vinho que foi oferecido pelo amigo Antonio Nunes, o Vin de Constance safra 2012. Ontem, provamos esse incrível vinho de sobremesa que há séculos encanta reis, imperadores e personalidades da história mundial e descobrimos que a sua fama é mais que justa, é de fato um vinho excelente. Trata-se, sem dúvida, do vinho mais icônico da África do Sul.

A história conta que reis disputaram as garrafas deste vinho: Louis Philippe, por exemplo, enviou emissários da França para buscá-lo enquanto Napoleão bebeu-o na ilha de Santa Helena para encontrar consolo em seu exílio solitário.

Napoleão foi preso e então exilado pelos britânicos na ilha de Santa Helena, na costa da África, em 15 de outubro de 1815. Ele morreu em Santa Helena em 1821 aos 51 anos de idade, tendo supostamente bebido um copo de Vin de Constance por dia na semana anterior à sua morte.  Quase 300 galões do vinho foram enviados para ele em Santa Helena e, aparentemente, em seu leito de morte, Napoleão recusou tudo o que lhe foi oferecido, exceto um copo de vinho de Constantia.

O rei da Prussia, Frederico “O Grande” e Bismarck também fizeram pedidos deste vinho e remessas regulares do Cabo eram entregues ao Palácio de Buckingham para o Rei da Inglaterra.

Os famosos autores Charles Dickens e Jane Austen também eram fãs desse vinho e Jane Austen chegou a escrever em Senso e Sensibilidade sobre seus “poderes de cura em um coração desapontado”.

No final do século XIX, a doença Phylloxera chegou ao Cabo, causando devastação nas vinhas e falência de praticamente todas as famílias produtoras da região. A produção do famoso vinho de sobremesa cessou, e os Cloetes se afastaram de sua propriedade de Klein Constantia. No entanto, a lenda vivia em muitas garrafas antigas que se esconderam nas adegas dos grandes vinicultores europeus.

Em 1980, durante a remodelação de Klein Constantia Estate, todos os envolvidos foram inspirados pelo desafio de trazer de volta o famoso doce vinho de Constantia que se tornou famoso na Europa nos séculos XVIII e XIX, particularmente entre as famílias reais europeias e russas. Os primeiros registros que haviam sobre o vinho foram estudados e uma seleção cuidadosa de vinhas que, com toda a probabilidade, vieram do estoque original usado em Constantia há 300 anos, foi utilizada para recriar esse ícone. Um século após o seu desaparecimento, veio o renascimento do Vin de Constance, feito ao estilo da antiga Constantia, de vinhas que uma vez produziram este vinho lendário.

Desde a sua reintrodução em 1986, Vin de Constance apareceu consistentemente em listas dos melhores vinhos do mundo. A safra 2009 foi recentemente premiada com 95 pontos pelo Wine Spectator em sua lista de vinhos Top 10 em 2015, tornando-se o primeiro vinho sul-africano a fazer parte de uma lista Top 10. O próximo ano de lançamento do vintage 2012 foi marcado pela Decanter como “um dos melhores ainda” e recebeu 97 pontos.

20171015_225514_resized

 

Vin de Constance 2012: Produzido da uva Muscat de Frontignan também conhecida como Moscato Bianco, passa 30 meses sobre as borras em carvalho 60% francês e 40% húngaro e mais 6 meses antes de ser engarrafado. De cor dourada e brilhante com aromas de marmelada e noz-moscada com notas de amêndoas. Em boca é cremoso com uma doçura rica que é complementada por boa acidez, muito equilibrado com notas de nozes e caramelo. Final longo com excelente retrogosto. Nota 4,5 estrelas.

Fontes:
http://www.kleinconstantia.com/
Mémorial de Sainte Hélène, Vol. IV, Part 8, pp. 127-128

14 comentários em “Vin de Constance –  Mais de 300 anos de história em cada garrafa.

  1. Belíssima matéria Sitta!!
    Já tinha lido a respeito da história deste grande Muscat de Frontignan de Constantia e que existem rótulos diferentes deste Muscat. E que há uma discussão sobre qual dos rótulos atuais mais se aproxima do verdadeiro Muscat que Napoleao Bonaparte fez uso em seu exílio. Dentre eles, alguns são apontados ou se dizem como o descendente daquele que foi o original bebido por Napoelao: “Vin de Constance” (da Klein Contantia) e o “Grand Constance” (da Groot Constantia). Você leu alguma coisa a este respeito ou se desvendaram este mistério?
    Um grande abraço!

    Curtido por 1 pessoa

Deixe um comentário