Bodega Bouza – A Boutique de Vinhos do Uruguai

Cada vinícola do Uruguai tem seu ponto forte. A Bouza é sem dúvida a vinícola mais charmosa do Uruguai, deixando transparecer em todos os aspectos o conceito de vinícola boutique, desde o passeio nas aconchegantes instalações como no almoço e degustação no restaurante da vinícola que fica situada a cerca de 25 minutos do centro de Montevidéu, sendo assim a vinícola com mais fácil acesso para turismo.

 

Em meados de Setembro, tive a oportunidade de visitar novamente a vinícola, agora pela quarta vez, e fomos recebidos por José Manuel Bouza, que faz parte da família que administra a Bodega, pela gerente comercial Cristina Santoro e por Eduardo Boido, o gênio por trás dos vinhos da Bouza.

Depois de um passeio pelas instalações da vinícola, tivemos a oportunidade de sentar à mesa com nossos anfitriões para degustar alguns dos principais vinhos da casa, e principalmente para saber um pouco mais sobre a vinícola e seus projetos para o futuro.

Conforme nos contou Eduardo Boido, a ideia para os próximos anos é trabalhar cada vez mais o conceito de parcelas únicas (single plot e single vineyard), conceito esse que surgiu quase que naturalmente ao perceber que seria interessante separar parcelas especiais e vinifica-las por separado. Tanto que a vinícola já está preparando um novo vinhedo chamado Las Espinas próximo ao mar, em Punta del Leste, muito próximo das características do vinhedo Pan de Azucar. Atualmente já está sendo plantado Tannat e Pinot Noir e brevemente será plantado Chardonnay.

Nos vinhedos Las Violetas e Pan de Azucar são plantadas cinco variedades de uvas: Tannat, Merlot, Chardonnay, Albarino e Tempranillo e nos vinhedos mais próximos ao mar, substitui-se o Albarino e o Tempranillo pelo Riesling e Pinot Noir totalizando sete variedades para atender a cerca de 140.000 garrafas produzidas por ano aproximadamente, número que a vinícola não pretende aumentar nos próximos anos.

Perguntado por que a Bouza não trabalha com Cabernet Sauvignon, uma das uvas que mais funciona comercialmente, Eduardo também nos explicou que trata-se de uma uva de ciclo largo (as uvas maduram mais tarde) e com as constantes possibilidades de chuvas na região, no final de fevereiro ou início de março, eles preferem não arriscar em produzir uma uva que pode sair bem em alguns anos mas não em todos, pois a produção total da vinícola já é pequena. Dessa forma só trabalham com uvas tintas de ciclo curto: Pinot Noir e Tempranillo; ou ciclo médio: Merlot e Tannat, sendo o Tannat a uva com ciclo mais longo pois trata-se da cepa emblemática do Uruguai e obviamente não poderia ficar fora do portfólio.

Outra curiosidade é sobre a decisão da vinícola em trabalhar como a Riesling, muito mais voltada ao mercado europeu. Essa ideia surgiu depois de uma degustação de Eduardo Boido dos vinhos do Chateau Le Pin em 2007, onde também haviam vinhos de parceiros, entre eles alguns rótulos de Riesling da Alemanha que segundo Eduardo, estavam encantadores e ficou o desejo em produzir algo parecido. A primeira safra saiu em 2012.

Hoje a bodega trabalha com cerca de 65% de carvalho francês, para as uvas Merlot e Chardonnay e quase a totalidade do Tannat, para produzir no caso da última cepa, um vinho mais elegante e sem notas de coco. E 35% de carvalho Americano para o Tempranillo porque ele ficaria mais seco em carvalho francês.

Bouza 1

Os vinhos degustados nessa tarde foram 4 e sem dúvida alguma a degustação ao lado do enólogo fica ainda mais especial:

Bouza Riesling 2015: Um vinho diferenciado. Produzido 100% em tanques de aço inoxidável, mas com guarda em garrafa de no mínimo um ano, que conforme nos explicou Eduardo, precisa deste tempo para aprimorar aromas e sabores. Aromas minerais com notas de petróleo. Em boca é seco, com notas de pedras e com uma leve salinidade e final mineral. Nota 4,0 estrelas.

Bouza Riesling

Bouza Albarino 2017: Um vinho bastante fresco e a fermentação acontece 90% em aço inoxidável e 10% em carvalho francês com envelhecimento sobre as suas borras por 3 meses. Amarelo pálido com aromas de pera e abacaxi com notas de flores brancas. O paladar é equilibrado com acidez viva e bom volume e final médio com reminiscência de notas florais. Nota 3,7 estrelas.

Bouza Albarino

Bouza Merlot Vinedo Pan de Azucar 2015: Absolutamente incrível a complexidade aromática desse vinho, 100% Merlot e estágio de 14 meses em barricas de carvalho francês com 14,1% abv. Aromas de frutas vermelhas, especiarias, notas florais e de café. Em boca é frutado e equilibrado, mostrando o grande potencial da cepa no país. Nota 4,2 estrelas.

Bouza Merlot

Bouza Monte Vide Eu 2015: Um vinho com potencial de adega de mais de 20 anos, e o preferido por Eduardo Boido devido a sua complexidade. Nessa safra o corte é 55% Tannat, 27% Merlot e 18% Tempranillo com envelhecimento em carvalho francês ou americano (de acordo com o exposto no texto) separadamente das três variedades entre 9 e 12 meses. Cor vermelha intensa. Aromas de ameixa e amora, com notas de baunilha e tostadas. Em boca é equilibrado, bom volume e taninos sedosos. Final muito longo. Nota 4,3 estrelas.

Bouza Monte Vide

 

Serviço:

As reservas podem ser feitas através do link http://www.bodegabouza.com/pt-br/reservas/

A Experiência Bouza que inclui visita guiada, degustação e almoço de três passos com transporte de Montevidéu custa UYU $ 3.000 por pessoa (cerca de R$ 350,00).

Entretanto pode-se optar apenas pela visita + degustação ou somente pelo almoço e o acesso à Bouza em veículo próprio é bem fácil. Para saber os custos basta consultar a vinícola pelo link acima.

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