Duzentos Anos de História em 5 Garrafas.

Olá gente!

A degustação de ontem foi tão especial que fiquei empolgado em poder dividir os conhecimentos e impressões com todos vocês, afinal de contas, é muito raro e especial poder provar quase duzentos anos de história em apenas 5 garrafas (exatamente 192 anos).

O evento aconteceu na Vinheria Percussi que fica em Pinheiros, São Paulo, aliás um local extremamente apropriado para um jantar com vinhos e contou com a presença dos amigos Edson Zveibil, Daniel Dalzochio e Haroldo Rodrigues, responsável pela organização do jantar.

Durante o jantar, provamos um vinho branco, o Meursault 1959, três vinhos tintos para acompanhar o menu degustação de quatro tempos e servidos exatamente nessa sequência: Chateau Ducru-Beaucaillou Saint-Julien 1978, Valbuena 3º Ano 1983 e Quinta do Ribeirinho 2001 e para acompanhar a sobremesa um Tokaji Oremus 6 puttonyos 1972. A sequência dos tintos foi definida após uma rápida prova e baseada no corpo dos vinhos, e ainda foi possível guardar mais uma taça de cada vinho para fazer uma prova final com eles lado-a-lado.

As opiniões entre os melhores da noite tiveram uma pequena variação, mas o grande “campeão” foi um resultado unânime: Vega-Sicília Valbuena 3º Ano.

As minhas impressões particulares estão a seguir e particularmente as notas sobre o vinho produzido por Luis Pato são bastante curiosas e valem a leitura.

 

Meursault 1959: um vinho incrível, o mais venho que provei na vida (o anterior era um Barca Velha 1966). Produzido com uvas 100% Chardonnay, seu terroir beneficia de um clima oceânico aportando ao vinho notas minerais e uma leve salinidade típicas também dos vinhos Riesling. Uma incrível cor dourada sem notas de evolução, após 2 horas aberto começou inclusive a trazer um leve frutado no aroma e notas de caramelo no paladar antes muito mais mineral com notas de petróleo e calcário. Na minha opinião a frente dos outros dois tintos da noite. Nota 4,3 estrelas.

 

Chateau Ducru-Beaucaillou Saint-Julien 1978: Pelas safras anteriores que provei (1993, 1996 e 2006) percebi um leve declínio. O vinho é um tradicional corte de Cabernet Sauvignon e Merlot de cor tijolo. Possui um nariz terroso muito maduro com cedro e tabaco, que segue até o paladar, juntamente com frutos vermelhos e um sabor carnudo, final com notas levemente oxidadas. Nota 4,0 estrelas.

 

 

 

Valbuena 3º 1983: Um vinho para ficar na memória, o melhor da noite. Como diz o nome, o vinho passa 3 anos em envelhecimento em carvalho e garrafa antes de ser liberado ao mercado Cor rubi com halos de evolução bem formados, aromas secundários e terciários de tabaco, coco e couro com notas de cacau e toques herbáceos. Em boca tem bom equilíbrio, notas de anis, coco e couro e final bastante equilibrado. Nota 4,8 estrelas.

 

 

Quinta do Ribeirinho 2001: Um vinho com muita história pois suas uvas 100% Baga, são plantadas sem o uso de enxerto, diretamente no solo arenoso para evitar o ataque da praga, como era feito na época pré-filoxera na Europa. Como cada videira produz apenas um cacho, ou seja, um copo de vinho, é preciso seis parreiras para obter uma garrafa. Isso deve-se não só à menor produção da videira não enxertada, mas também devido às sucessivas remontagens efetuadas com o intuito de obter um vinho muito encorpado. O resultado é a produção exclusiva de cerca de 1500 garrafas de um vinho encantador. Nota 4,3 estrelas.

 

 

Tokaji Oremus 6 puttonyos 1972: Fazendo pequeno trocadilho com o nome, oremos de joelhos! Em 1993, a Vega Sicilia fundou Tokaj-Oremus e as suas vinhas e caves estão localizadas na parte nordeste da Hungria. Cor âmbar profundo, deliciosamente frutado e com aromas de mel e canela. Em boca tem muita intensidade, mais mel, chocolate, nozes, ameixas, damascos secos e café. O vinho é sólido e harmonioso e graças a sua acidez, ainda tem muita vida. Nota 4,7 estrelas.