Amigos, conforme falamos, segue mais um Post da matéria do Confrade Jair Labres sobre as grandes vinícolas Italianas. O post de abertura você lê clicando aqui
Temos hoje uma quase unanimidade no mundo do vinho: os chamados Supertoscanos mudaram a história do vinho italiano de forma geral. Sendo assim é necessário abordarmos um pouco dessa história com a inserção da Ornellaia e Masseto.
Dividimos o artigo em duas partes, sendo o primeiro:
– Supertoscanos e o renascimento do vinho italiano
– Ornellaia e Masseto – de Antinori á Frescobaldi
E o segundo:
– Os vinhos da Ornellaia e seu espetacular marketing
– Uma opinião sobre o futuro do Masseto
– O segredo na produção continuada de grandes vinhos
Supertoscanos e o renascimento do vinho italiano
No início da década de 1970 a vitivinicultura italiana passava por momentos difíceis com safras de baixa qualidade e problemas com a superprodução. Havia uma excessiva rigidez nas leis italianas, em especial nas chamadas denominações de origem, privilegiando uvas autóctones e métodos de produção antiquados.
Marcelino de Carvalho, um dos pioneiros em crônicas eno-gastronômicas registrou em seu livro “A arte Beber” de 1963 que: “servir um vinho italiano em um jantar chique era quase uma ofensa!”
Mas foram as novas gerações que ousaram alterar os métodos e técnicas de produção com utilização de uvas internacionais: o Marquês Piero Antinori em 1966 assumiu a vinícola da família e em 1971 lançou o Tignanello; Angelo Gaja em 1961 também assumiu o lugar de seu pai e em seguida lançou o Darmagi feito com 100% cabernet sauvingnon.
Muitos outros rótulos entraram na categoria de “os fora da lei” e foram classificados com “Vino de Távola” ou vinhos de mesa, que é a menor classificação para vinhos italianos. Em seguida Niccolo Incisa (primo de Piero e Ludovico Antinori) lançou o Sassicaia pela Tenuta San Guido, onde o Marques Mario Incisa Della Rochetta havia importado da França (Chateau Lafite) clones de cabernet sauvingnon e cabernet franc por volta de 1942. Sua localização fica ao lado da Ornellaia em Bolgheri.
As premiações e o sucesso internacional tiveram seu ápice com o Solaia 1997, que foi eleito no ano 2000 como o melhor do mundo pela revista americana Wine Spectator, e em 2001 quando foi eleito o Ornellaia 1998 da Tenuta dell Ornellaia pertencente a Ludovico Antinori, irmão mais jovem de Piero, frente a grandes vinhos globais.
Provavelmente tenha sido James Suckling, um dos fundadores da revista Wine Spectator, o primeiro a utilizar o termo “Supertuscan” para diferenciar esses grandes vinhos dos vinhos de mesa. Antes dessa definição os primeiros produtores italianos de vinhos com uvas oriundas da região de Bordeaux (cabernet sauvignon, merlot, cabernet franc e petit verdot) basicamente tiveram a classificação com vinhos de mesa ou “Vino de Tavola” ou tintos de baixa qualidade.
Uma definição simples de Supertoscano: vinho tinto da região da Toscana que por qualquer motivo; seja uva não autóctone, área geográfica, rendimento, métodos de vinificação ou maturação, etc. não se encaixam nas regras estabelecidas nas denominações de origem clássicas.
Ornellaia e Masseto – de Antinori á Frescobaldi
Com o êxito de seu primo e vizinho, e de seu irmão Piero, e com sua paixão declarada pelos cabernets americanos, Ludovico Antinori fundou em 1981 a Ornellaia (nome da propriedade) em terras que havia herdado de sua mãe em Bolgheri.
Ludovico estava convencido que em um terroir com a brisa do mar, num clima com temperaturas quentes, com uma mistura de calcário, argila e solos arenosos poderia produzir vinhos para rivalizar com os californianos do Napa Valley. Então, contratou como enólogo o russo conhecido como pai do Cabernet da Califórnia, André Tchelistcheff.
A escolha dos melhores locais para o plantio de cabernet sauvignon, merlot, cabernet franc e pequena quantidade de petit verdot resultaram no lançamento da primeira safra em 1985; houve aclamação geral da crítica com publicações internacionais e em guias de vinhos italianos.
Com um processo definido de uvas colhidas e separadas manualmente e vinificadas separadamente, e a seguir passando por 12 meses de amadurecimento em barricas de carvalho e após mais 06 meses em carvalho a Ornellaia rapidamente galgou a categoria de “Supertoscanos” mais aclamados, sendo premiada em 2001 com o “Wine of de Year”.
Para o Merlot, Tchelistcheff apontou para uma colina (ao lado da propriedade) composta basicamente por argila cinza compactada, com solo mais arenoso e pedregoso no topo, convencendo Ludovico a comprar essa propriedade. Masseto deriva da palavra italiana “massi” ou grandes pedras. Em 1987 houve o lançamento do vinho e com sucesso estrondoso.
A partir de 1991 Michel Rolland passou a também prestar serviços como consultor, no lugar de Tchelistcheff que falaceu em 1994.
Em 1999 o americano Robert Mondavi adquiriu uma parcela minoritária da Ornellaia e 03 anos após acabou comprando o restante da propriedade e teve início em 2002 uma parceira dos Mondavi com a família italiana Frescobaldi.
Já em 2003 a gigante americana Constellation Brands adquiriu a totalidade do grupo Robert Mondavi, incluindo logicamente a Ornellaia.
Em abril 2005 a Frescobaldi compra os restantes 50% da Ornellaia da américa Constellation Brands.
Para termos uma ideia da valorização dos vinhos em 2005 um salmanazar (garrafa de 09 litros) da Ornellaia foi vendida por U$ 33.600 na Cristies de Nova York.
A família Frescobaldi separou as produções, e na minha opinião está concluindo a separação dos negócios com a nova vinícola (foto abaixo) ficando os vinhos Ornellaia com 76 hectares com as castas cabernet sauvignon, merlot, cabernet franc e um pequeno lote de petit verdot e a Masseto com 07 hectares do varietal merlot.

Ótima contribuição do amigo Jair Labres.
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Sensacional, amigos! Me senti viajando pela Toscana!
Só me falta beber um desses agora!
Abraços
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Que beleza Sitta, muito boa essa matéria do Jair, que venham as proximas!! 👏👏👏
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Jair prometeu que ia te mandar o artigo e mandou! Parabens Jair e Rodrigo Sitta! Excelente matéria sobre a origem dos super toscanos! Abraço
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Excelente. Sequência imperdível
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Exelente artigo que conta a bela história dessa fascinante região da Itália! Parabéns Sitta e Jair pelo artigo enriquecedor!! Abraços
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Ótimo post, conhecer esse longo caminho dos vinhos italianos até o sucesso é muito interessante!
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Maravilha Sitta! Tanto o primeiro texto do Jair como essa sequência sobre a Ornellaia estão muito bons! Tb gostei do layout para a visualização das fotos! Sucesso parceiro! Em 2018 vamos dividir umas garrafas aí em Sampa!
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