Olá. Na sequência mais um dos Posts do Jair Labres sobre as grandes vinícolas italianas. Espero que gostem!
Quando agendei a visita e degustação para 27 de novembro de 2017, nesse pequeno produtor, não imaginava que teria pela frente algumas horas de pleno prazer ao assistir o processo de construção de verdadeiras obras de arte. Tudo é feito com muito amor, com a busca da perfeição e especialmente sem pressa, ou seja, os vinhos recebem o tempo que precisam para serem perfeitos. Compreendi que realmente os vinhos do Quintarelli estão em outra classe e em categoria própria, sem comparação com outros vinhos da região.
A vinícola foi fundada em 1924, mas foi com o comando de Giuseppe Quintarelli, a partir de 1950, que começou a ter sucesso. Numa época em que a busca por grandes quantidades parecia ser o único caminho para o crescimento, Quintarelli optou por elaborar vinhos com alta riqueza e complexidade, utilizando métodos de trabalho intensivo e extrema atenção aos detalhes das vinhas.
“Impossível falar em Quintarelli sem recorrer a superlativos”. Essa afirmação é encontrada em praticamente todas as publicações sobre esse produtor de Negrar no Vêneto – Valpolicella.
Conhecido como o “Mestre do Vêneto” Giuseppe faleceu em 2012 deixando sua filha Fiorenza e seu marido Giampaolo Grigoli com os dois filhos Francesco e Lorenzo no comando da Azienda Agrícola Giuseppe Quintarelli que produz 60.000 garrafas por ano em 12 hectares.
Resumidamente podemos afirmar que vinificação para Quintarelli significa privilegiar obsessivamente a qualidade em detrimento da quantidade. Nessa linha o rendimento é propositalmente mantido muito baixo, por exemplo, removendo cachos verdes que estão muito próximos de outros. As uvas também em regra, são colhidas mais tarde, assegurando ainda mais a maturação. Após colheita manual são armazenadas em caixas de madeira (vide fotos) com cuidadosa inspeção e seleção e colocadas para secar durante quase 05 meses em câmaras de secagem especiais e em condições controladas.
Essa desidratação ou “appassimento” ou ainda “rasinate” tiram cerca de 50% do peso das uvas e concentra ainda mais sabores e açúcares, permitindo com que ao final tenhamos em torno de 15% de álcool no vinho. No passo seguinte as uvas são suavemente esmagadas passando pelo processo de fermentação a baixa temperatura (por até 07 semanas) e após os vinhos são envelhecidos em barricas de carvalho eslavos onde o contato do vinho com a madeira é menor, permitindo com que o vinho seja ainda mais macio e flexível. Para o amarone são 07 anos em carvalho e para o amarone riserva são 10 anos, dando uma excelente estrutura ao vinho e capacidade de guarda de 30 anos ou mais.
O Amarone dela Valpolicella Clássico DOC e o Riserva somente são produzidos nas safras excepcionais, e nas safras classificadas como médias são produzidos o Rosso del Bepi IGT (Bepi era o apelido do falecido Giuseppe). Nas safras consideradas como não boas não são produzidos amarones ou rosso del Bepi.
Todos os vinhos são excelentes mas fiquei encantado com o Alzero Cabernet IGT, corte de 40% cabernet franc, 40% cabernet sauvignon e 20% merlot. Nesse caso as uvas são colhidas antes da maioria das outras, no final de agosto e início de setembro. O envelhecimento ocorre em separado em barricas francesas por 36 meses e após o vinho é armazenado em barricas de carvalho eslavo por mais 4 anos.
Todos os vinhos produzidos na vinícola podem ser consultados neste link: Quintarelli Wines
Como destaquei no início das postagens pretendia avaliar quais os segredos para um produtor vender continuadamente seus vinhos com preços bem acima da média. No caso do Quintarelli, seu amarone clássico é vendido nos EUA por cerca de U$ 400,00 a garrafa 750 ml e o amarone riserva por U$ 650,00. Minha conclusão é que o cuidado e obsessão pela qualidade em todos os detalhes, dando ao vinho seu tempo, sem interferências, são os únicos segredos. Preciso destacar que gerencialmente falando, ou no dia a dia da empresa, a necessidade de caixa, clima adverso, perspectivas de grandes prejuízos, concorrência, etc. tornam essa tarefa dificílima.
Pude de forma definitiva ratificar conceito que sigo de que a transparência do produtor, mostrando todo o processo em qualquer dia e hora significa o pilar mestre, ou é fundamental para que tenhamos grandes vinhos. Ou seja, não ter nada a esconder em qualquer atividade ou negócio, nesse caso no vinho, é premissa básica para que consumidores exigentes se sintam seguros e confiantes.
Mais uma otima postagem Sitta! Mais uma aula do Jair! Que baita experiência! Grande colaboração! Saude amigos
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Valeu Leonardo. Todos os méritos do Jair
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Sem dúvidas, o Jair fechou com chave de ouro. Mas apesar de toda a obsessão nas vinhas e processo, no caso deles acho que o terroir também é decisivo. Parabéns pela matéria!
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Mazon. Acredito que ainda haverá mais um Post sobre as vinícolas italianas
Abraços
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quero conhecer essa vinicola vale a pena ? quanto custa ? necessita agendar muito tempo antes ? Aguardo resposta obrigado ! Dalton
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Bom dia.
Precisa de agenda prévia de acordo com a disponibilidade. Acho viável marcar antes da viagem. A degustação e visita custa em torno de 70 Euros
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