Não foi fácil chegar na vinícola, situada entre a cidade de Colônia do Sacramento e de Carmelo, o caminho incluiu cerca de 6 km por estrada de terra com alguns pequenos atoleiros devido às fortes chuvas nos dias anteriores à visita, mas o esforço foi plenamente recompensado, e conhecemos a vinícola mais antiga do Uruguai.
Por volta de 1854, a família Lahusen, de origem Alemã e de longa tradição na produção de vinho, adquiriu quatro diferentes lotes de propriedade situadas entre o rio San Juan e o Rio da Prata e criou a empresa Compañía Rural Los Cerros de San Juan Cochicó.
Eles selecionaram a área com base em sua considerável experiência, que lhes permitiu reconhecer as semelhanças entre o leito do rio de San Juan coberto de cascalho e seixos e partes da região de Bordeaux. Ali eles plantaram cepas de videira que trouxeram consigo da Europa.
Sessenta anos depois, Los Cerros de San Juan tornou-se líder no mercado doméstico. Seus vinhos eram os únicos da região a serem servidos ao lado de vinhos importados nos melhores restaurantes da época.
Os irmãos Alvaro e Alfredo Terra Oyenard, cujos ancestrais bascos tinham uma longa história de produção de vinho, assumiram a empresa em 1988, depois de terem mantido laços próximos com ela por mais de trinta anos. Desde o início, implementaram políticas modernas, fortalecendo a posição da empresa como líder no mercado interno, que ocupou por muitas décadas.
Os edifícios coloniais que abrigam a bodega, construídos na segunda metade do século XIX, são característicos da época e refletem a história da região. A preservação deste edifício permite aos visitantes apreciar a herança deixada pelos seus antepassados.
As duas cavas, construídas em pedra com paredes de mais de 60 cm de largura, foram escavadas no meio de uma colina. As temperaturas nas cavas oscilam entre 12 e 18 graus ao longo do ano, são perfeitas para o envelhecimento dos vinhos até o momento ideal de consumo.
Los Cerros de San Juan atualmente exporta os mesmos vinhos que vende no Uruguai, para mercados como Alemanha, Inglaterra, EUA, Brasil, Áustria e Suíça entre outros. As cepas produzidas são as brancas Riesling, Sauvignon Blanc, Chardonnay, Gewürztraminer e as tintas Cabernet Sauvignon, Merlot, Tannat, Tempranillo, Pinot Noir.
Na sala de degustação podemos encontrar um pequeno museu com os antigos rótulos da vinícola, conforme as fotos abaixo:
Durante a degustação provamos vinhos da linha Cuna de Piedra, Maderos Gran Reserva e o vinho icone da bodega, o Mil Botellas Pentavarietal, minha única ressalta foi que a taça oferecida para degustação era de vidro, o que altera a percepção para vinhos tão especiais. Dentre esses vinhos, destaco os dois abaixo:
Maderos Gran Reserva Cabernet Sauvugnon 2013: Uma das uvas mais difíceis no Uruguai devido ao ciclo de chuvas, está muito bem nessa safra. Passa 24 meses em carvalho americano e mais 12 em garrafa. Cor vermelho sangue, aroma de ameixas maduras, caramelo e cacau. Em boca é encorpado e rústico com taninos firmes e final prolongado. Nota 3,9 estrelas.
Mil Botellas Pentavarietal 2013: Esta na minha lista dos melhores vinhos uruguaios (link aqui). Corte de 30% Tannat, 30% Cabernet Sauvignon, 30% Merlot, 5% Tempranillo e 5% Pinot Noir com envelhecimento de 22 meses em carvalho francês. Aromas de framboesas e cerejas maduras com notas de cedro e tabaco. Em boca é potente com notas herbáceas e de couro. Final longo e intenso com grande potencial de adega. Nota 4,3 estrelas.
Deles provei o Mil Botellas e gostei muito. Ainda tenho uma garrafa. Parabéns pela matéria
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Como sempre, uma bela matéria!
Fiquei mais tranquilo com as observações sobre os CS uruguaios pois pensei que não tinha provado p suficiente ou escolhido mal. Sempre tive a impressão de que os CS deles não eram melhores que os nossos, às vezes até bem parecidos.
Por via das dúvidas, fico mais com outros varietais ou blends uruguaios; Cabernet Sauvignon só para tirar a teima
Um abraço e mais uma vez parabéns pelo trabalho
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O Cabernet Sauvignon e uma uva de ciclo longo que não combina com o clima no Uruguai onde chove em fevereiro. Por isso muitas vinícolas nem arriscam
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