Vinhos de Fora do Circuito Tradicional Parte 2 – Inglaterra.

Amigos,

Aproveitando a iniciativa do confrade Ivan Ribeiro, estamos publicando uma série de curiosidades sobre países menos tradicionais na produção de vinhos. A Inglaterra é nossa próxima parada!
E para quem ainda não viu o Post da primeira parada, a Rússia, o link esta a seguir:

Vinhos de Fora do Circuito Tradicional Parte 1 – Rússia.

Curiosidades e Detalhes sobre Vinhos Ingleses:

E na Inglaterra se faz vinho?? Sim!!

Vinhos de qualidades ainda no despertar. Mas, já produzem espumantes com qualidades e pontuações respeitadas.

A primeira vinícola do País foi a Hambledon Vineyard, fundada em 1951, e a maior vinicola da Região é a Nyetimber (www.nyetimber.com), que apostou forte na década de 80 e plantou videiras nas Regiões Sul da Inglaterra, em especial em Kent e Sussex. Ainda temos a região de Surrey que forma, ao lado da região de Kent e Sussex, as principais regiões para produção de vinhos na Inglaterra. Sem esquecermos das crescentes regiões de Hampshire e East Anglia.

Segundo levantamento de 2012, a Inglaterra possuía na época 128 vinícolas, com 1438 hectares de vinhedos. O grande destaque de toda produção da Inglaterra, estão por conta dos espumantes que representam mais de 2/3 da produção vinícola do país ocupando, juntamente com os vinhos brancos, 84% da produção, contra 16% dos vinhos tintos. Abaixo temos o mapa de toda região da viticultura Inglesa.

O terroir tem sido tão elogiado que famosas vinícolas como a Louis Roederer e a Pommery estão investindo alto nessas regiões que acreditam ser grande futuro. Não é à toa que a região de Sussex, cujo solo e clima são característicos em semelhança total com a região de Champagne, pode se tornar a primeira região do País a ter DPO (Denomination of Protected Origin). Trata-se de uma região com bastante cascalho e clima ideal para produção de espumantes em altíssima qualidade pelo método tradicional.

Contudo, foi na região de Kent que ocorreu a primeira aquisição de um grande produtor de champagne. A Taittinger adquiriu em 2015 um vinhedo para plantação de castas tradicionais de champagne. Seguida pela Região de Surrey onde a Pommery firmou parceria junto com a Hattingley Valley para produção de espumantes também.

As principais castas plantadas na região são as mesmas que se utilizam para fabricação do Champagne, e são elas: Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier. Destacam-se as seguintes vinícolas: Hattingley Valley, Chapel Down, Nyetimber e Wiston Estate. Sem esquecermos da casta Bacchus, que é oriunda de um cruzamento alemão de Sylvaner, Riesling e Müller-Thurgau que trás nas suas características a produção de vinhos aromáticos e com pouca acidez, motivo pelo qual costuma ser usada em cortes. Mas ao longo da Inglaterra, existem diversas outras castas plantadas como indicado no gráfico abaixo.

A região até então improvável, agora é uma grande e promissora realidade, face a mudança do clima no planeta. O crescimento é visível e vem se transformando numa realidade fascinante com a conquista de diversos prêmios e títulos em concursos. A exemplo das 130 medalhas conquistadas no Decanter Word Wine em 2015 e outras tantas conquistas de lá para cá.

Um cuidado importante a ser observado é em relação aos dizeres que estão nos rótulos dos vinhos.  “Vinho Britânico” e “Vinho Inglês” são termos completamente distintos dentro da concepção dos vinhos. Os vinhos britânicos são considerados vinhos doces, tipos Jerez e vinho do porto, feito através de uvas importadas, sendo de baixa qualidade, devendo ser evitado.

Assim, temos mais um belo destino a ser explorado. Diversas regiões vem surgindo ao longo dos anos, com novos vinhedos e vinícolas. Um mercado crescente e promissor. A história nos dirá se o destino realmente é o que esperamos.

Ivan Ribeiro do Vale Junior.
Sommelier Profissional e WSET 2.
Advogado.
Membro da Confraria Mês Que Vem Tem Mais.
@ivanrvalejr
@confrariamesquevemtem