Amigos,
Na última terça-feira, tive a oportunidade de participar com alguns amigos da Confraria, de uma degustação vertical de um dos grandes ícones de Bolgheri, o Sassicaia da Tenuta San Guido.
Aproveitando o embalo, esse Post trará algumas curiosidades e dados históricos sobre o vinho e o resultado da degustação das safras 2012 a 2015, sendo essa última, super-premiada (melhor vinho Italiano de 2018 e vinho do ano de 2018 pela Wine Spectator).
Dados Históricos e Curiosidades:
– O vinho foi “idealizado” na década de 1920, pelo marquês Mario Incisa della Rocchetta, que sonhava em criar um vinho “puro-sangue”. Sua ideia era criar um vinho com um bouquet idêntico a um vinho que ele havia provado nessa época (1921 – 1925), quando era estudante na cidade de Pisa. Na década de 1940, tendo se estabelecido na Tenuta San Guido, na costa do Tirreno, experimentou várias variedades de uvas francesas e concluiu que o Cabernet Sauvignon tinha o bouquet que ele estava procurando.
– O vinho é feito principalmente de Cabernet Sauvignon e foi uma mudança radical na tradição da Toscana e Piemonte, cujas castas tradicionais eram Sangiovese e Nebbiolo, respectivamente. Com isso, as primeiras safras do vinho não foram bem-recebidas pelos críticos que estavam acostumados aos vinhos locais. Não foi levado em consideração que os vinhos feitos da uva Cabernet Sauvignon precisariam de mais tempo para amadurecer e se desenvolver e assim, de 1948 a 1967, o Sassicaia permaneceu um assunto privado, apenas para ser consumido na Tenuta San Guido.
– A primeira safra foi lançada comercialmente em 1968 quando o marquês percebeu que, ao envelhecer, o seu vinho melhorava consideravelmente. Após o lançamento, o vinho não foi produzido somente em duas safras: 1969 e 1973. A última safra lançada foi 2015.
– Desde a primeira safra a composição das uvas é de 85% Cabernet Sauvignon e 15% Cabernet Franc. O envelhecimento varia de ano para ano, normalmente de 21 a 24 meses em carvalho Francês e Iugoslavo, parte novo e parte usado.
Degustação Vertical das Safras 2012 a 2015.
Eu já havia provado safras anteriores do Sassicaia, precisamente as safras de 1995, 1996, 2006 e 2010, mais ainda não havia provado safras tão recentes e não estava bem certo do resultado de abrir vinhos tão jovens.
As quatro safras degustadas possuem o mesmo envelhecimento, 24 meses em carvalho Francês. O resultado está a seguir:
Sassicaia 2012: foi uma safra que não empolgou, talvez com a mesma impressão relatada acima de que o vinho precisa envelhecer por muitos anos para mostrar todo seu potencial. Na minha avaliação ficou em 3° lugar com 91 pontos.
Sassicaia 2013: mesmo mais jovem, muito mais pronto que a safra anterior, e apesar do grande potencial de envelhecimento, já se mostrou um vinho firme e bem estruturado, taninos sedosos e final longo e frutado. Na minha avaliação ficou em 2° lugar com 96 pontos.
Sassicaia 2014: acreditem, o vinho estava Bouchonné (corked). Para quem não sabe o que isso significa, é um dos defeitos mais conhecidos que pode acometer o vinho. Uma lástima um vinho como esse possuir tal defeito, mas acontece em cerca de 4% dos vinhos. Esse será uma assunto para uma matéria futura, que postarei em breve aqui. Não foi avaliado devido ao defeito apresentado.
Sassicaia 2015: fez jus a sua extensa lista de grandes pontuações, sendo o grande campeão da noite para a maioria dos presentes. Vinho equilibrado e potente, taninos firmes e boa acidez, bastante aromático e com final muito persistente. Na minha avaliação ficou em 1° lugar com 98 pontos.
Parabéns pela bela degustação, degustar safras do Sassicaia é sempre um grande momento para os apreciadores de bons vinhos
Uma pena saber que o da safra 2014 estava Bouchonné e isto pode ter sido da guarda ou transporte, vale uma nova prova da safra 2014
Abraços e sucesso para o Blog
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Jean
Esse tipo de defeito é provocado exclusivamente pela rolha contaminada por TCA. Não está relacionado com guarda ou transporte
Abraços
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Sensacional a vertical!
Concordo integralmente com sua avaliação das safras.
Abraço!
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Valeu Ze.
Experiência incrível
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Pode ser ingenuidade de minha parte, mas não imaginava um vinho desse naipe pudesse ter tal defeito! Tirando essa peculiaridade que faz parte do jogo, que momento!!
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Haroldo.
Pior que não é fácil perceber as vezes. Atinge 4% dos vinhos mas tende a melhorar com o tratamento das rolha (anti TCA)
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Para mim a sequência foi a mesma, mas para o 2015 atribuí 95 pontos, para o 2013 94 pontos e para o 2012 91 pontos. Foi uma experiência muito interessante e o Tricloroanisol da rolha do 2014 mostra que nenhum vinho fechado com esse tipo de vedante está livre ainda do problema. Uma pena!
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Bela experiência Rodrigo, uma oportunidade de comparar as variações entre as safras, mesmo as mais novas, de um clássico italiano. Cheguei a provar as safras 1995 e 2010, e essa ultima estava melhor. Pena q a perda de uma garrafa, mas são coisas q acontecem. Parabéns pelo blog! 🙏🍷
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Obrigado Luis. Saúde amigo
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Que espetáculo de experiência! Parabéns Sitta!
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Que azar perder uma garrafa…se bem que a safra de 2014 é a pior entre as quatro. Conseguiram trocar ou foi comprado fora?
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Foi comprado no Duty Free da Coreia do Sul. Mandei um e-mail pra Tenuta San Guido mas eles não responderam (ainda).
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Reginaldo
A Tenuta San Guido respondeu ao email e pediu para enviarmos a rolha e o vinho de volta. Eles se ofereceram para trocar o vinho
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Ai sim….
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rodrigo se passou bons tempo, como ficou esse caso? abcs iria mandar insta mais ja estava na pagina valeu
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A Tenuta San Guido trocou o vinho. Mandou na Itália na casa de um amigo que trouxe para o Brasil
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Fantástico encontro para esta especial Vertical!
Saúde !!
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