Vinhos do Priorato – Características e Dicas

Amigos,

Fui convidado pelos confrades Haroldo Rodrigues e Antonio Nunes para uma fantástica degustação de alguns dos melhores vinhos do Priorato, Espanha. O evento aconteceu na semana passada no restaurante Torero Valese e a qualidade dos vinhos me motivou a escrever este Post.

Essa região não tem a mesma fama e popularidade de outras regiões da Espanha, como Rioja e Ribera del Duero, mas também produz excelentes vinhos. Inclusive o Priorato é uma das duas únicas regiões que possuem o status de DO Calificada, junto com Rioja (considerado o mais alto nível de exigência na produção de vinhos na Espanha).

Sobre o  Priorat

– A Denominação de Origem Qualificada Priorat (no idioma Catalão se escreve Qualificada ao invés de Calificada) é uma pequena região montanhosa localizada no coração da província de Tarragona. De acordo com as leis da Catalunha, todo o território da DOQ Priorat faz parte de uma região administrativa conhecida como ‘Priorat’, que também inclui uma área que não faz parte da Denominação de Origem.

– A DOQ Priorat possui uma área plantada de 1.887 hectares com vinhedos que são cultivados por mais de 600 produtores. Para se ter uma idéia, a região de Rioja possui uma área plantada de 6.022 hectares e Ribeira del Duero mais de 22.250 hectares, ou seja, a produção do Priorato é muito menor e por consequência os vinhos são mais valorizados.

– A D.O.Q Priorat é composta pelos seguintes municípios: Morera de Montsant (que inclui Scala Dei), Gratallops, Porrera, Poboleda, Torroja del Priorat, Vilella Alta, Vilella Baixa, El Lloar e Bellmunt del Priorat. Além disso, dentro dos limites da DOQ Priorat, estão incluídas a parte norte do município da cidade de Falset (Masos de Falset) e a parte leste do município de Molar (Les Solanes del Molar).

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As variedades recomendadas e permitidas do DOQ Priorat são as seguintes:

Variedades tintas recomendadas: Garnacha e Carignan.

Variedades tintas permitidas: Garnacha Peluda, Tempranillo, Picapoll Negro, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Pinot Noir, Merlot e Syrah.

Variedades brancas: Garnacha Branca, Macabeu, Pedro Ximénez, Chenin Blanc, Muscat de Alexandria, Muscat Blanc à Petits Grains, Xarel-lo, Picapoll.

Sobre a Degustação

Tivemos a oportunidade de provar um Cava e 7 dos principais vinhos da região sendo, um Branco e seis Tintos, além de um vinho de sobremesa da Áustria. Os vinhos estão descritos abaixo:

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III Lustros Gran Reserva 2012, Gramona: Cava produzido através de uma mistura composta principalmente por Xarel-lo e complementada com Macabeo. Ambas são cultivadas organicamente e a vinícola também está, cada vez, mais adotando princípios biodinâmicos em seus procedimentos agrícolas. Vinificado através do método tradicional, esse Brut Nature é envelhecido por 70 meses nas cavas.

Nelin 2013, Clos Mogador: corte baseado na Garnacha Branca, o vinho passa 16 meses em barris de carvalho e pipetas de concreto com 14,5% de graduação alcoólica. Um excelente branco que foi destaque na degustação.

Planots 2004, Cal Pla: terceiro lugar no geral, excelente vinho e a maior surpresa da noite. É um corte de Garnacha e Carignan com fermentação em concreto e passagem de 16 meses em carvalho francês (50% novo). A vinícola também é orgânica. Já estava bem evoluído com aromas secundários e terciários.

Clos Martinet 2012, Mas Martinet: o corte que eu encontrei foi 45% Garnacha, 35% Syrah, 11% Carignan e 9% Merlot com 22 meses em barricas de carvalho francês. Entretanto algumas literaturas citam um pequena porcentagem de Cabernet Sauvignon. Bastante jovem, ainda tem bons anos pela frente.

Selecció Especial Vinyes Velles 2012, Ferrer Bobet: esse 100% Carignan de vinhas velhas passa 18 meses em carvalho francês e mais 11 meses em garrafa. Outro que ainda pede alguns anos em garrafa.

Finca Dofi 1996, Alvaro Palácios: corte baseado na Garnacha com um pequena porcentagem de Carignan e passagem de 16 meses em carvalho francês. Alguns dos participantes acharam que estava Bouchonée, eu achei levemente oxidado.

Priorat 2000, Vall Llach: o grande campeão da noite com 96 pontos de Robert Parker (justíssimos). Com certeza estava no auge, corte de 50% Carignan, 35% Merlot e 15% Cabernet Franc e passagem de 18 meses em carvalho francês. Em boca é muito equilibrado e aveludado com notas de caramelo e café. Final potente e prolongado.

Priorat 2012, Clos Erasmus: segundo colocado na degustação e com 98 pontos de Robert Parker mostrou que precisa de uns bons anos em adega. O corte é 49% Garnacha, 25% Carignan, 10% Cabernet Sauvignon e 16% Syrah, com passagem de 20 meses em barris de 300 litros e 2.000 litros e 15,5% de graduação alcoólica. Decantado por 2,5 horas é muito potente e estruturado.

Obrigado Antonio e Haroldo por essa maravilhosa experiência.

Fontes:
https://www.doqpriorat.org/es/

 

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