Dame Dos

Amigos,
Qual seu perfil de comprador de vinhos? Compra sempre os mesmo rótulos ou não gosta de repetir (figurinha repetida não enche álbum rs…). O texto do confrade Fernando Procópio, a seguir, fala um pouquinho desse tema. Eu sou um meio termo entre os dois. Não me incomodo de repetir um rótulo mas prefiro variar a safra.
Boa leitura!

Nas épocas de fartança na Argentina, os anos 90 – ou nas fases em que havia um clima de riqueza – os portenhos eram conhecidos por seus próprios compatriotas por se excederem nas compras. Nesse ponto, talvez tenham influenciado os brasileiros nesse mundo de consumismo. Só que por lá, a coisa andava a alguns níveis acima: eram tempos de ostentação. Dizia-se que o portenho entrava em uma joalheria e perguntava: “quanto custa esse Rolex?”. Ante a resposta do vendedor, emendava: “dame dos”, ou seja, “quero dois”. Isso seria absolutamente irracional: ninguém tem necessidade de comprar duas unidades iguais de um artigo que vai durar para o resto da vida. Era uma gozação que bem retratava a avidez por compras dos argentinos que habitavam a capital federal.

Mas, ocorreu uma mudança radical na economia daquele país, infelizmente, e não há mais esse clima de dispêndio feroz.

Há não muito tempo, escrevi um texto para este blog sobre a sanha que os enófilos têm de experimentar novos vinhos: ainda que um rótulo os tenha agradado muitíssimo, passam para outro, querem experimentar uma novidade que lhe indicaram. É uma verdadeira compulsão.

Mas, há uma outra categoria, na qual eu me incluo, dos que se tornam fãs de um rótulo e vão em busca de comprar mais algumas garrafas desse mesmo rótulo. Não que não tenham ganas de conhecer os novos, mas querem a segurança daqueles que tanto lhes agradaram. É como ir a um restaurante: você prefere se arriscar em um desconhecido ou desfrutar aquele prato que ama naquele restaurante onde lhe tratam tão bem?

Voltando ao tema do “dame dos”, para compreender melhor como isso ocorre com os vinhos, vou citar o meu caso: quando tenho uma boa indicação, daquelas de um amigo de quem compartilho o gosto, nunca compro uma garrafa só. E procuro provar logo, assim que passado aquele período mínimo de descanso da garrafa e, se for boa, compro de novo. Ontem, por exemplo, fui atrás de um vinho excepcional, o Lota 2010. Havia comprado em promoção no supermercado Zaffari. Iria viajar para o interior e a unidade que fica no Shopping Bourbon estava no meu caminho. Cheguei lá, mas estava à venda o da safra 2013 e não havia mais o 2010. Pedi ao gerente para ver se havia aquela safra na unidade do Morumbi.  A resposta foi sim! 5 garrafas. Mas, eu não poderia ir até lá. Me atrasaria muito para o compromisso no interior. Assim, liguei para o grande amigo Antonio Nunes, que mora no Morumbi, e pedi para ele comprar. Bingo!

Lota 2010

Esses rótulos de repetição, em geral, não são os vinhos mais caros. Eles ficam em uma faixa média e, alguns, até baratos. Quase diria que são do dia a dia. Mas, quais são esses prediletos? Vou citar alguns deles, porém não vou me lembrar de todos: Lauri Viana Blend, Viña Alberdi, Churchill, Goulart Gran Vin, Marques de Casa Concha, Cartuxa Branco, San Pedro de Yacochuya Torrontes, Cortes de Cima Tinto, Salton Prosecco Brut, Cave Geisse, alguns da linha D,V. Catena, etc, etc…

E você? Tem um pouco dessa história de “dame dos?” Quais são aqueles que você compra e repete?

Fernando Procópio
Apreciador de Vinhos

 

27 comentários em “Dame Dos

  1. Sou assim também Comendador, tem alguns vinhos que sempre gosto de ter por perto na adega, vinhos de segurança são indispensáveis. Ótimas dicas de vinhos que vc deu. Saúde sempre!

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  2. Que belo texto, Fernando! Realmente o consumidor de vinho, que tem conhecimento, parece ser movido a experimentação. Nesse caso, sou como você. Porém, já cheguei num ponto de arriscar menos quando procuro vinhos de estilos e regiões conhecidas. Parabéns pelo enfoque.

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  3. Belo texto, Procópio! Também sou assim. Quando gosto de um rótulo, procuro tê-lo na adega e se o encontro em promoção, não meço esforços para comprá-lo. Os vinhos citados na sua lista praticamente são os que eu gosto também. Recentemente, você indicou o Vinho Neozelandês Marlborough Sun Sauvignon Blanc. Um vinho que custa R$ 100,00. Para mim, um Vinhaço. De vez em quando, entra em promoção por 70 pratas. Outro Branco que me agrada muito, indicado pelo Sitta, é o Aves del Sur Chardonnay Gran Reserva vendido no Pão de Açúcar nessa mesma faixa de preço e de vez em quando, entra em promoção.

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  4. Meu caro Fernando Procopio. Gostei muito do seu artigo. E refletindo sobre o assunto, percebo que me enquadro numa outra categoria: sou apaixonado por regiões vinícolas. Quando “encasqueto” como uma, saio comprando e provando tudo que consigo dela. Como consequência, minha adega é concentrada em poucas regiões. Um grande abraço e espero em breve ter a oportunidade de degustar bons vinhos com vc e toda turma

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    1. Então, Nahas, você revela mais uma espécime de enófilos. Já suspeitava dessa sua característica. Ela o ajuda a pesquisar e se aprofundar nas propriedades da região. Percebo que você se dedica bastante a conhecer seus vinhos. Por isso, seus comentários são tão apropriados e revelam sempre um cunho técnico preciso.

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  5. Um tema bem interessante!!
    Pois … já fui compulsivo em comprar mais que meia dúzia de garrafas de vinho que gostei, mas o gosto sempre vai mudando, bem como neste mundo do vinho, temos uma tendência natural em sermos mais exigentes.
    Hoje em dia, não compro mais que duas do mesmo vinho e ver a evolução, mas, minha preferência mesmo, daquele que gostei, no máximo, variar a safra.
    Saúde sempre meu caro amigo!!

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    1. Grande Nilton, conheço a sua adega e ela reflete essa trajetória que você retrata. Você tem razão quando diz que há uma tendência de irmos ficando mais exigentes, mas não percebo em nenhuma de suas antigas compras algo que você ou eu não possamos apreciar muito bem hoje. Pelo contrário: os vinhos vão ficando mais evoluídos e muito apreciáveis. Saúde, Nilton!

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  6. Gostaria de poder sempre comprar duas garrafas de cada, mas só costumo comprar uma mesmo. Se gosto muito, posso buscar outra algum tempo depois. Mas gosto mesmo de provar coisas novas, mesmo com todos os riscos de não agradar, vale pela experiência.

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    1. Valéria, acredito que seu perfil seja o mesmo de grande parte do pessoal que conhecemos: sempre ávidos por novos. Gosto também de experimentar, mas também gosto de ter a segurança do “já provado & aprovado”. Em matéria de restaurantes, sou ainda menos arrojado: adoro voltar aos mesmos restaurantes e – mais! – pedir aquele prato predileto.

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  7. Belíssimo texto comendador, agora tá explicado porque acabou repentinamente o Lotta 2010, só consegui comprar 2 deles. Também sou assim, gosto de variar mas as vezes me excedo em alguns rótulos, mês passado comprei 8 Viks de mesma Safra.
    Abraço confrade.

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    1. Mauro, empatamos. Na quarta-feira, abri o último Riesling Lementhal Barnes Bucher. Havia encomendado meia duzia há cerca de 3 anos. Mas, quando recebi, haviam mandado uma caixa com 12. Abri um para conferir e não tive dúvida: fiquei com toda a caixa.

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  8. Um texto que desvenda os tipos de enófilos, eu sou daquele que gosto de experimentar rótulos diferentes, são experiências, logicamante depois de um certo tempo, temos algumas referências de produtores, safras que são nossos guias, e se já tenho uma referência compro 2, não mais que isso, um para o de imediato, afinal não somos de ferros, outro para esperar por alguns anos para posteridade se ele tem característica pra suportar e ter a sensação do que se tornará.
    Mas em resumo sou um viajante no vinho, de uma região para outra, de um País para outro, de uma safra para outra, e as experiências são ótimas, as vezes até vinhos que já não há mais esperança de vida, mas poderá surpreender. Parabéns pela matéria amigo Comendador

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  9. Alexsander, creio que o seu perfil é o mais usual entre os amantes de vinho: sempre buscando novidades; sempre atrás daquele que possa lhe causar aquela sensação de “Uau!”. Também tenho um tanto disso, mas não deixo de comprar e ter na adega aqueles vinhos “do coração”.

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