VIK x VIK A – Desafio do Custo x Benefício.

Amigos,

Supondo que o preço não fosse um impeditivo, qual seria a melhor opção de compra?

Uma garrafa de um dos melhores vinhos chilenos, por cerca de R$ 950, ou uma garrafa de um vinho chileno com um dos melhores custo x benefício que conheço, por cerca de R$ 170,00 (preços da Wine para não-sócios)?

Pergunta difícil de responder! E para tentar obter a melhor resposta o Blog realizou há alguns dias, por sugestão do confrade José Eduardo, uma degustação vertical de todas as safras do VIK (2009 a 2013) e todas as safras do VIK A (2011 a 2016).

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Mas, antes dos detalhes da degustação, vamos saber um pouco mais de uma das principais vinícolas chilenas:

A Viña Vik

O empresário norueguês Alexander Vik decidiu, em 2004, criar um vinhedo excepcional para produzir um vinho único. Para atingir esse objetivo e encontrar o melhor terroir, reuniu uma equipe de enólogos, climatologistas, geólogos, e engenheiros agrônomos para pesquisar na América do Sul, um local com solo e condições climáticas ideais para a viticultura. O resultado desse trabalho o levou a adquirir 4.325 hectares no Chile, em 2006.

O local escolhido foi o Vale Millahue, chamado pelos índios de ‘Golden Place’. Este vinhedo, localizado dentro do vale entre inúmeras ravinas, oferece uma variedade de terroirs incomparável, pequenos microclimas, com ótima exposição ao sol e sempre banhados por uma brisa fresca do litoral, propiciando a complexidade necessária para produzir vinhos de grande qualidade.

A Viña VIK tem em seu portifólio apenas três vinhos tintos: VIK, La Piu Belle e VIK A (Milla Calla).

A Maior Vertical de Don Melchor da História

A pergunta que não quer calar!

O Milla Cala e o VIK A são o mesmo vinho?

Minha resposta é “muito possivelmente”. Comparei as fichas técnicas das 6 safras de ambos e elas são 100% idênticas. Questionei o Diretor Comercial da VIK que informou se tratar de vinhedos distintos, o que justificaria a diferença de preço entre os dois vinhos no Brasil.

Nas provas que realizei, não notei qualquer diferença entre ambos, mas isso é assunto pra outro Post.

A Degustação

As provas dos 11 vinhos aconteceram em 5 flights:
– 1° Flight – VIK 2011 e VIK A 2011.
– 2° Flight – VIK 2012 e VIK A 2012.
– 3° Flight – VIK 2013 e VIK A 2013.
– 4° Flight – VIK 2009 e VIK 2010.
– 5° Flight – VIK A 2014, VIK A 2015 e VIK A 2016.

A ficha técnica dos vinhos está na tabela abaixo. Vale ressaltar que todas as informações foram retiradas do site da vinícola, onde não é disponibilizada a informação da safra 2009 do VIK e somatória de algumas das composições não chega a 100%.

VIK

VIK 2009: um pouco mais apagado que as demais safras, apesar de ser um excelente vinho. Mostra que foi se aprimorando ao longo dos anos. Nota: 4,3 estrelas.

VIK 2010: na minha opinião o segundo melhor da noite, provavelmente próximo ao auge. Nota: 4,6 estrelas.

VIK 2011: o primeiro da degustação já mostrou muita qualidade, como teve menos tempo de decantação, evoluiu bastante em taça. Nota 4,5 estrelas.

VIK 2012: o melhor da noite por quase unanimidade, vinho pronto mas que pode ser guardado por alguns anos e ainda deve ganhar complexidade. Elegante e potente ao mesmo tempo. Nota: 4,8 estrelas.

VIK 2013: a safra mais recente do ícone da vinícola também agradou bastante. Mostra que é um vinho bastante consistente e já pode ser considerado um dos principais do Chile. Nota: 4,5 estrelas.

VIK A 2011: ótimo vinho, principalmente considerando seu preço no Brasil. Quem guardou essa safra acertou, evoluiu e ganhou complexidade. Nota: 4,2 estrelas.

VIK A 2012: assim como com o VIK, 2012 foi a melhor safra. Recebeu inclusive os votos de alguns dos participantes do evento como um dos três melhores vinhos da noite. Nota: 4,3 estrelas.

VIK A 2013: ainda em ótimo nível para um vinho nessa faixa de preço. Mantém a qualidade das safras anteriores. Nota: 4,1 estrelas.

VIK A 2014: ratifica a avaliação das safras anteriores. Ainda pode evoluir. Nota: 4,0 estrelas.

VIK A 2015: recomendo guardar por alguns anos na adega. Bem melhor que o 2016 mas abaixo das demais safras. Nota: 3,8 estrelas.

VIK A 2016: bastante abaixo das demais safras, talvez por ser o mais jovem. Acredito que os anos em adega farão bem ao vinho, mas esperávamos mais. Nota: 3,6 estrelas.

O que vale mais a pena?

Mesmo depois da degustação não é fácil responder essa pergunta. Muitos fatores precisam ser levados em conta como ocasião, safra, situação financeira, etc.

Algumas safras do VIK são bem superiores mas as safras envelhecidas do VIK A diminuem bastante a diferença de qualidade entre os vinhos.

Sugestão de Vinhos com Boa Relação de Custo x Benefício.

A única certeza é que o incremento da qualidade não é linear ao aumento de preço (5 ,58 vezes mais). Mas isso nós sempre soubemos, até porque essa relação costuma ser desta forma no Mundo dos Vinhos!

Fontes:
https://vikwine.com/es/vina-vik/

26 comentários em “VIK x VIK A – Desafio do Custo x Benefício.

  1. Excelente ideia, fazer essa degustação, todos temos essa curiosidade em relação ao preço e qualidade. Vale frisar que o Vik A entrega muita qualidade pelo valor ! Provei a 12 e 13, achei a 13 com muita madeira ainda … abraco

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  2. Este evento foi espetacular!
    É realmente difícil dizer o que vale mais a pena. Acho que a ocasião acaba sendo o fator decisor. Mas ficou muito claro para mim que os vinhos da VIK recompensam quem tiver a paciência de guardar uns anos na adega…

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    1. Ótima iniciativa essa vertical e bem interesante a questão envolvendo esse “mistério” sobre o VIK A no Brasil. Bem, o rótulo só vi por aqui. Estive na vinícola e não o vi entre os vinhos oferecidos e integrantes do portifólio dela. Enfim, não entendo a razão da vinícola não ser assertiva sobre essa questão. Sobre a relação preço/qualidade a justificar a disparidade de preços, coincidentemente, estava vendo uma vertical com o EPU em que uma participante colocava essa questão. Não haveria uma diferença de qualidade tão acentuada com o Almaviva que justifique tamanha distância nos preços. Mas penso que isso é mera estratégia para valorizar o topo de gama e posicioná-lo no mercado premium e junto à crítica especializada. Bom carnaval Rodrigo!

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      1. Luis. Duas questões
        A vinícola não fala abertamente sobre o VIK A porque o Milla Cala também chega ao Brasil e pelo dobro do preço.
        Em relação ao fator custo x qualidade, dificilmente teremos algo linear após 200 reais

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      2. Esse tema do EPU é muito interessante mesmo. Viajo muito a Santiago e gosto bastante de comprar em uma loja chamada BB Vinos. Em conversa com o pessoal de lá, uma das donas afirmou que esteve presente em uma seleção de EPU e Almaviva e que a escolha é feita pelo enólogo no dia do envase, que ele prova os barris e define. Ou seja, o cuidado na produção é o mesmo, cabendo ao produtor a decisão pelo paladar. Não sei até onde é verdade, mas vale compartilhar.

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  3. Ótima matéria amigo! Já tomei algumas safras do Vik A e uma do Vikão. O Vikão é um espetáculo, provei em uma ocasião especial e ele estava divino, um baita vinho, a o VIK A é realmente um CxB quase que imbatível! Saúde amigo!

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  4. Parabéns pela matéria. Estive hospedado na Vik com minha esposa e fiquei impressionado com a tecnologia aplicada nos processos, no cuidado deles com cada detalhe e é claro, com tudo isso, o resultado não poderia ser diferente: vinhos espetaculares! Experimentei todos (e trouxe 2 de cada pra casa). Lá não se comercializa o Vik A mas o seu comentário me chamou atenção e faz todo sentido essa desconfiança dele ser o próprio Milla Calla. Realmente a diferença dele para o Vik não justifica o distanciamento de preços, assim como acontece em relação ao Alma Viva e o EPU. Sou fã da Vik e do Vik. Gostei muito da sua matéria. Mais uma vez, parabéns!!!

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    1. Boa noite.
      Em relação ao VIK A e Milla Cala eu tenho certeza. Você pode comparar as fichas técnicas, elas são idênticas.
      Acontece que a VIK não vai admitir nunca porque ambos são comercializados no Brasil e o Milla Cala custa quase o dobro.

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  5. Ótima matéria e gostaria de acrescentar algumas informações. De fato o Milla Cala e o Vik A são o mesmo vinho, inclusive essa informação consta no número do lote de cada vinho onde se encontra o termo MillaCala em todos eles. Logo, acredito que nem essa informação dos vinhedos dada pelo Diretor comercial não proceda. Quanto à diferença de preços a explicação é bem simples. A Wine fez um acordo de ter um (ou alguns) vinhos exclusivos, logo criaram esse nome Vik A, somente comercializado pela Wine, que o vende num preço bem melhor (semelhante ao que ocorre com “marcas próprias” nos supermercados), e como relatado acima, lógico que a Vik não admite para não diminuir as vendas do Milla Cala. Já existem mais rótulos da Vik com essa mesma situação de nomes diferentes! Um abraço.

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      1. Acho que você estava tão certo, que subiram o preço do VIK A e reduziram o do Milla Calla, que nas promoções do PDA tem saído mais barato que os VIK A na wine.

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  6. Rodrigo, já provou o Vik A “Edição Limitada”? E o Eulila da Vik? Se sim, diga-nos algo sobre eles, por gentileza.
    Será que o Eulila pode também ser o “Vik A”?
    Ótima matéria, abraço!

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