Brindemos!

Amigos,
Faz poucos dias que postei aqui no Blog um texto com o conteúdo parecido com este que vocês vão ler. Esse novo, recebi ontem de uma amiga que mora nos Estados Unidos e apesar de entender que poderia ser considerado “mais do mesmo”, acho que o assunto é pertinente para o momento e o texto é excelente!

Por Marilia Fujiwara

“Meu pai sempre contava que meu bisavô guardou seus melhores vinhos para ocasiões especiais. Ele foi morto quando os nazistas invadiram Paris. Os nazistas beberam todos os seus vinhos. Lição: nunca espere. Quando eu estava crescendo, nós sempre usávamos os melhores pratos que tínhamos. Os melhores lençóis. Bebíamos em taças de cristais. Quando meu pai morreu, a sua adega estava praticamente vazia.” (tradução livre feita por mim, extraído do livro Don’t Let Go, de Harlan Coben.)

Esse pequeno texto tirei do livro que estou lendo no momento e, embora seja de ficção, me pareceu bem pertinente à situação que estamos vivendo. Mais do que de vinho, fala sobre o terceiro V deste blog: VIVER.  E apesar de estar indo para a segunda metade da casa dos 30, posso dizer com segurança que já vivi bastante situações interessantes nessa vida!

+_Os Vinhos e as Amizades nos Fazem Superar Dificuldades

Porém, não posso me descrever como uma conhecedora de vinhos. Para ser sincera, compro avaliando preço e rótulo (adoro rótulos e nomes de vinhos! Os portugueses então, me divirto! Sabia que tem um chamado Mula Velha? Adoro! Quais nomes engraçados vocês já “beberam”? Deixa aí nos comentários e aproveita para reler um post deste blog sobre nomes esquisitos AQUI). Enfim, voltando… Quando abro um vinho dou uns dois goles e então decido se gosto ou não. E não me importa se paguei 6 dólares ou 200 dólares (Mentira, nunca paguei 200 dólares em uma garrafa de vinho, mas já degustei um deste valor que não gostei). A verdade é que o vinho tem uma função social e emocional na minha vida… e percebo que na de vários amigos também. “Vem para cá para tomarmos um vinho”, “Nossa, essa semana foi puxada, merecemos um vinho”, “Hoje fui promovido, vamos beber um vinho!”, “Já que não tem o que fazer, vamos beber um vinho”. Quantas vezes não nos pegamos nessas situações? Às vezes sozinhos. Muitas vezes acompanhados…

Em tempos de distanciamento social, onde não podemos desfrutar da presença física de quem gostamos, o vinho tem sido uma importante companhia. Ajuda a desestressar, acalmar os ânimos e aquecer o coração. E mais do que qualquer tanino, qualquer uva ou qualquer barril de carvalho, o vinho nos preenche quando há um vazio no peito ou transborda quando a alma já está completa.

Com as notícias que nos preocupam e a insegurança que nos perturba, a gente se sente pequeno e se pergunta: apesar de necessário, até quando nossa mente vai aguentar esse isolamento? Somos mais fortes do que imaginamos. Essa é uma guerra contra um inimigo que não vemos, mas podemos combatê-lo do sofá de nossa casa. A certeza de que temos familiares e amigos nos esperando além dessas paredes, é o que nos dá força. Os momentos inesquecíveis que vamos viver, terão um sabor ainda mais especial. Os abraços terão mais valor. O olho no olho, a pele na pele, a energia que sentimos quando estamos frente a frente com alguém, tudo isso terá um outro significado. E apesar da certeza de que os melhores vinhos guardados não serão bebidos por nenhum soldado adversário, venho propor um desafio. Sabe aquele vinho que você tem esperado o momento certo para abri-lo? O que acha de bebe-lo agora? Faça uma chamada de vídeo para alguém querido e brinde para celebrar a nossa saúde, por termos uma casa confortável e pessoas para abraçar quando isso tudo passar. Porque vai passar. E quando passar, que sejamos mais empáticos. Mais preocupados em sermos humanos. Que a gente sorria com mais frequência, fale mais palavras de incentivo do que de críticas, que a gente ame com mais facilidade. Porque eu realmente acredito que sairemos dessa mais fortes e, principalmente, melhores!

E antes que eu me esqueça, se puder, fica em casa!

Cheers,

Marilia

Marilia Fujiwara
Instagram @mariliafujiwara 

 

 

 

32 comentários em “Brindemos!

  1. Como eu amo sua maneira divertida e leve de ver a vida, Marília.
    Ter um olhar amoroso e ressignificar qualquer momento caótico em algo positivo é um talento inato seu.
    Quero um livro seu na cabeceira!
    Cheers,
    Antonia

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  2. Poxa Marília, que texto gostoso de ler. O Pai do Sitta tinha a mesma filosofia da sua família, tomar o que melhor tinha, sem guardar para o amanhã! Os vinhos portugueses têm nomes engraçados mesmo, só por Deus kkkk adorei o texto! Saúde sempre! Passaremos por tudo isso, com o vinho sempre nos unindo!

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    1. Eu tive o privilégio de conhecer o Seu Sitta, seu senso de humor peculiar e sua macarronada maravilhosa! Acho que a filosofia de vida dele um grande aprendizado, principalmente para momentos como esse que estamos vivendo.
      Obrigada pelas palavras e saúde!!

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  3. Marília, seu texto está incrível. Muito bem escrito. Mas, quero lhe dizer que eu não sou bem assim. A minha mulher, Maria Amelia, que alguns conhecem, compra uma roupa e veste no dia seguinte. Eu espero aquela confluência estelar para estrear. Herdei alguns itens preciosos de família e não usava. Ela baixa a prataria, as toalhas de linho etc etc e usa tudo. Com vinhos, não sou diferente. Prefiro que descansem ao chegar em casa, que amadureçam e aguardar o momento certo de abrir, talvez daqui a alguns anos. Mas, nada garante que eu irei tomá-los.

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    1. Te entendo, Fernando! Conheço muita gente como você! Eu já sou mais solta e tem um post do Rodrigo que me marcou muito, quando ele falou sobre o seu Sitta. Às vezes ficamos esperando o momento ideal… Mas o que é o momento ideal sem a companhia das pessoas que amamos? Do nada a vida sai atropelando a gente e não espera o momento ideal. E já que equilibrio é tudo, então guarda algumas garrafas, mas bebe as outras para brindar os pequenos momentos – são eles que moldam a nossa vida e fazem dela especial 🙂
      Um abraço!

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