Castillo de Ygay – História, Curiosidades e Degustação Vertical

Amigos,

Não há duvidas que estamos falando de um dos principais vinhos da Espanha. Tanto que no ano passado a Wine Spectator elegeu a sua safra de 2010 como o melhor vinho do ano, com 96 pontos.

No melhor evento do Blog este ano, até o momento, tivemos a oportunidade de realizar uma degustação vertical de cinco safras do Castillo de Ygay, ícone da vinícola Marquês de Murrieta, localizada na região de Rioja e com larga tradição na produção de grandes vinhos.

Mas como de costume, antes dos detalhes da degustação, um pouco da história e algumas curiosidades sobre esse vinho formidável.

História e Curiosidades

A Marquês de Murrieta é uma vinícola de visita obrigatória, principalmente depois da meticulosa restauração de seus prédios históricos, com destaque para o magnífico castelo. Sem dúvida, esta foi a cereja do bolo para um empreendimento com mais de 160 anos e que, junto com a Marqués de Riscal, lançou as bases do que é hoje a região vinícola de Rioja.

+ Herederos del Marques de Riscal – História e Degustação.

A origem da vinícola data de 1852, quando Don Luciano Murrieta produziu os primeiros vinhos Rioja, além de ser o primeiro a exportá-los para fora do território espanhol. Don Luciano, nomeado Marquês pelo Rei Amadeo de Sabóia graças ao seu trabalho em Rioja, viajou a Bordeaux para aprender as técnicas de vinificação que trouxe para a Espanha. Ele estabeleceu o conceito de um castelo francês na propriedade Ygay, onde mandou construir o emblemático Castelo Ygay.

Em 1983, Vicente Cebrián Sagarriga, décimo conde de Creixell, assumiu o projeto. Modernizou a vinícola e com sua vocação empreendedora deu continuidade ao legado do Marquês de Murrieta. Após a sua morte, o seu filho mais velho, Vicente D. Cebrián-Sagarriga, atual Conde de Creixell, assumiu juntamente com a sua irmã Cristina a gestão da bodega, acompanhado por uma equipe jovem e qualificada. Ao longo dos anos, a família do Conde de Creixell tornou-se a continuidade perfeita para manter o equilíbrio entre tradição e modernidade, dando a Marquês de Murrieta do século XXI uma posição privilegiada no mundo dos vinhos.

Produzido somente nas melhores safras, o Castillo de Ygay Gran Reserva é a estrela principal de Murrieta e é produzido desde 1877. Em 1970 foi lançada a primeira safra do Castillo de Ygay Gran Reserva Branco, vindo a juntar-se com o tinto como ícones da vinícola.

Nos tempos atuais, Castillo Ygay é proveniente de um vinhedo de 98 acres plantado em 1950. Sua composição é um blend de principalmente Tempranillo, que envelhece em barricas de carvalho americano, com uma pequena porcentagem de Mazuelo, que envelhece em carvalho francês. O vinho é envelhecido por uma década na adega da vinícola antes do lançamento.

Degustação Vertical

O evento, realizado no restaurante Casa Santo Antonio, contou com as safras 2004, 2005, 2007, 2009 e 2010 (as cinco últimas edições desse vinho) e foi aberto com o Marques de Murrieta Reserva 2016.

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Um dos detalhes mais impressionastes foi a consistência entre as safra. Todas muito próximas (obviamente considerando-se a diferença em anos).

Abaixo nossos comentários, safra a safra:

Marques de Murrieta Reserva 2016: corte de 87% Tempranillo, 6% Graciano, 5% Mazuelo, 2% Garnacha com 16 meses em carvalho americano de 225 litros e 14% de graduação alcoólica. Fez bonito perante seus irmãos mais velhos. Nota V3 – 92 pontos.

Castillo de Ygay 2004: corte de 93% Tempranillo e 7% Mazuelo com passagem de 29 meses em carvalho. Apesar de ter sido o último na votação geral, é um vinho fora-de-série, o que mostra o quanto “ingrata” essas verticais podem ser com algumas safras. Nota V3 – 94 pontos.

Castillo de Ygay 2005: corte de 89% Tempranillo e 11% Mazuelo com passagem de 30 meses em carvalho. Ficou um terceiro lugar no geral e quarto na minha opinião, sendo a primeira para alguns participantes, o que mostra o equilíbrio entre as safras. Nota V3 – 95 pontos.

Castillo de Ygay 2007: corte de 86% Tempranillo e 14% Mazuelo com passagem de 28 meses em carvalho. Na minha opinião a segunda melhor safra (quarta no geral) com nariz intenso e uma explosão de caramelo em boca. Final persistente e aveludado. Nota V3 – 96 pontos.

Castillo de Ygay 2009: corte de 81% Tempranillo e 19% Mazuelo com passagem de 26 meses em carvalho. A grande campeã do evento, tanto na minha opinião quanto na classificação geral. Aromas de frutas vermelhas, chocolate e café. Em boca um veludo, com taninos polidos e grande equilíbrio. Final marcante. Nota V3 – 97 pontos.

Castillo de Ygay 2010: corte de 85% Tempranillo e 15% Mazuelo com passagem de 24 meses em carvalho. O melhor vinho do mundo em 2020 ficou em segundo lugar no geral mas foi o terceiro na minha opinião. Sem dúvidas vai evoluir bastante, apesar de já merecer uma pontuação bem alta. É complexo, elegante com boa potência e final vibrante. Pra guardar na adega. Nota V3 – 96 pontos.

Por mais noites como essa! Bons vinhos a todos!

Fontes:
https://www.marquesdemurrieta.com/bodegas-rioja/en/
https://www.winespectator.com/
https://www.spanishwinelover.com/56-winerie-marques-de-murrieta

11 comentários em “Castillo de Ygay – História, Curiosidades e Degustação Vertical

  1. Este é um dos meus ícones, no mundo real logicamente //// algumas estrelas do mundo vão a uma estratosfera de valor que eu deixo a parte.
    E assim algumas safras estão na minha wish list, infelizmente por algumas razões não estive nesta vertical, mas tenho certeza sairia satisfeitissimo. Como por trás de qualquer coisa boa sempre há uma história de muito trabalho e dedicação, não seria diferente neste belíssimo vinho. Mais um pouco de história para meu conhecimento.

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  2. Que evento espetacular. E fiquei ainda mais feliz por contar com duas garrafas do 2009 adegadas. Pergunta: tem chão pela frente ainda? estimaria quanto ?
    Parabéns Rodrigo pelo evento e post !

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