Por Ana Carolina Sitta
Nossa última parada no roteiro por Mendoza foi a Cavas Weinert. E é exatamente como diz o bordão: última, mas não menos importante!
A frente da vinícola está Iduna Weinert. Foi também quem nos recebeu e proporcionou momentos de excelente conversas e muito aprendizado. A Iduna (que já foi entrevistada pelo Blog) é brasileira, carioca e radicada na Argentina desde que assumiu a vinícola. Ela já começou nos dando uma aula e mostrando como a Weinert permeava tanto a história da Argentina como a do Brasil.
+ Iduna Weinert – As Mulheres do Mundo dos Vinhos

No inicio da década de 70, Don Bernardo Weinert frequentava a região de Mendoza sempre a trabalho, como empresário do ramo de transportes. Ele teve a ideia de começar a levar os vinhos da região para o Brasil, contudo, as grandes bodegas Argentinas já tinham suas produções comprometidas com o mercado interno e exportações para a Europa. Foi então que, ao conhecer Don Raúl de La Mota, teve a ideia de começar a produzir seus próprios vinhos. Em 1975, ele abre a Bodega Weinert e o local escolhido foi o Edifício de Manos de La Familia Otero, construído em 1890, mas abandonado há algumas décadas. O edifício é sem dúvida a construção mais bonita que vimos nessa viagem!







Don Raúl de La Mota é um enólogo renomadíssimo na Argentina, conhecido como o “Pai” da uva Malbec. Foi ele quem acreditou que a uva, que até então era utilizada para vinhos de menor qualidade, era forte o suficiente para produzir vinhos varietais. E assim o primeiro varietal produzido por eles, e foi o Malbec 1977.
Foi nessa época que por recomendação de Don Raúl, Don Bernardo fez a aquisição de antigos tonéis de carvalho para a produção de vinhos de alta-gama. Os famosos tonéis da vinícola são um espetáculo à parte! No total são mais de 200, entre eles um do inicio de 1900 vindo do então Império Austro-Húngaro e com capacidade de 44.000 litros. Até hoje, 100% do processo de vinificação da Weinert é feito nesses toneis.



De lá para cá a Bodega aumentou seus varietais, iniciou exportações para o mundo todo – hoje a maior parte da produção é exportada para a Europa – e ganhou reconhecimento internacional. Em 1993, Don Bernardo foi considerado “Wine Personality of the Year”.
Em 1996, chega a vinícola Hubert Weber, um estudante suíço de enologia que após degustar os vinhos da Weinert pediu para fazer um estágio com Don Raúl. Em 1997, ele toma a frente da vinícola como enólogo principal até hoje produzindo vinhos simplesmente incríveis!
O ponto alto de nossa visita, além da degustação (Claro!), foi a conversa com a Iduna. Antes de assumir a vinícola ela trabalhou na Nespresso aqui no Brasil. A experiência ajudou a executiva a entender melhor o mercado, a harmonizar diferentes aromas e traçar as estratégias de marketing e vendas que hoje ela utiliza na vinícola. Dona de uma simpatia e um carisma sem igual, Iduna nos trouxe atenção ao fato de que quando degustamos um vinho de uma determinada safra, estamos na verdade degustando um vinho de 1 ano antes. Visto que toda as influências climáticas da região vão interferir na uva e obviamente, na qualidade do vinho. Desta forma, ela guarda registros climáticos de todos os anos para entender e estudar o desenvolvimento dessas uvas e vinhos e depois utiliza isso em seus rótulos.
Aqui os ícones que tivemos o privilégio de degustar:




Carrascal Chardonnay 2021: o nome do vinho remete a um bairro histórico de Mendoza onde são fabricadas as vasilhas de barro utilizadas na indústria de vinhos.
Montfleury Pinot Noir Rose 2021: uvas 100% Pinot Noir com 13,7% de graduação alcoólica. Ótima acidez, frutas vermelhas no aroma e palato, boa complexidade e final fresco e frutado.
Weinert Cabernet Sauvignon 2011: uvas 100% Cabernet Sauvignon. A linha de varietais passa entre 36 e 60 meses em tonéis de carvalho francês de 2.500 e 6.000 litros. Aromas de frutas vermelhas maduras e tabaco. Em boca é elegante, com taninos macios e final persistente.
Weinert Malbec 2012: uvas 100% Malbec. A linha de varietais passa entre 36 e 60 meses em tonéis de carvalho francês de 2.500 e 6.000 litros. Aromas de frutas negras e cravo. Em boca é vibrante, com taninos suaves, notas de frutas e final persistente.
Carrascal Corte Tinto 2018: corte de 40% Malbec, 35% Cabernet Sauvignon e 25% Merlot com passagem de 24 meses em tonéis de carvalho.
Espero que tenham gostado do roteiro! Eu sem dúvida recomendo a visita a cada uma das vinícolas quando forem visitar Mendoza.
Iduna, mais uma vez muito obrigada pela aula, pela conversa e pelos ensinamentos!