Por Renato Nahas
Ao pesquisar vinícolas para visitar na Toscana, ou até mesmo em toda Itália, o Castello di Ama sempre ocupa um lugar de destaque em listas de recomendação na mídia especializada. E não é à toa. Além de vinhos incríveis, a paisagem é deslumbrante e o acervo artístico, maravilhoso.

Até a década de 1970, um vilarejo abandonado
Não se sabe ao certo quando o Vilarejo de Ama foi fundado. Registros arqueológicos apontam a presença dos Etruscos, povos que ocuparam o norte da Itália muito antes dos Romanos conquistarem toda a Península. Durante o Império Romano, Ama pertencia a família Feridolfi e, provavelmente, foi destruída após a invasão dos povos nórdicos e o colapso do império. A partir do século XVIII, porém, novas edificações sugiram nas ruínas do antigo vilarejo, mas o local sempre permaneceu remoto.
O vilarejo de Ama estava fadado ao esquecimento. Isso mudou quando na década de 1970 quatro amigos: Tomaso Carini, GianVittorio Cavanna, Pietro Tradico e Lionello Sebasti , encantados pelo local decidiram revitalizá-lo. Foi criada uma companhia limitada para o empreendimento.
Em 1982 o jovem casal Lorenza Sebasti e Marco Pallanti se juntou ao projeto de revitalização da área e criaram o Castello di Ama, logo atrás das colinas e o antigo vilarejo. Hoje é difícil dizer se o vilarejo está dentro da vinícola, ou vice-versa, tal é a integração e harmonia do conjunto.
A Vinícola
Localizada entre Siena e Florença, na área mais nobre do Chianti Classico, a vinícola conta com 75 hectares de área cultivada.
Para conhecer melhor a região do Chianti Clássico, acesse este link: Chianti, Duas Apelações e Vinhos Diferentes.
Seus vinhedos estão localizados entre 420 e 527 metros, uma altitude elevada para a região e, certamente, um dos seus diferenciais. Os vinhedos estão distribuídos ao longo dos 4 vales que circundam a área e levam o nome de Bellavista, San Lorenzo, La Casuccia e Montebuoni.
Arte e vinho, uma harmonização perfeita
Num lugar de beleza natural privilegiada, além de construções históricas restauradas e em bom estado, dois outros ingredientes se juntaram para transformar o Castello di Ama na mais linda vinícola que o humilde autor desse post já visitou: arte e vinho.
Há outras vinícolas que possuem acervos de arte até maiores que o Castello di Ama. O Chateau La Coste, em Aix-en-Provence, por exemplo: https://chateau-la-coste.com/fr/. Nessa vinícola francesa, obras de artes de importantes artistas contemporâneos são expostas ao longo dos vinhedos.
Mas o que torna o Castello di Ama único é a forma como o acervo foi montado. Ao longo da sua história, ano a ano, artistas foram convidados para produzirem suas obras na vinícola.
Essa forma de criação, conhecida como “residência artística” consiste no deslocamento do artista para um outro contexto cultural, no caso a vinícola, com o objetivo de desenvolver um processo de criação artística associado à troca de experiências, linguagens, conhecimentos e realidades do lugar que inspira a obra. Ou seja, todas as obras têm o vinho como eixo temático.
Artistas consagrados como Anish Kapoor, Daniel Buren, Louise Bourgeois, Cristina Iglesias, Carlos Garaicoa, Chen Zhen, dentre outros, passaram por lá e deixaram obras incríveis para serem visitadas.

Os Vinhos
Estando onde está localizada, é de se esperar que o Castello di Ama produza Chianti. Mas além do Chianti Classico, produz também uma linha incrível de vinhos IGT, algum deles frequentam a lista dos melhores “Super Toscanos produzidos.

Se não for o melhor, o Castello di Ama certamente está na lista de Top 5 produtores da Chianti Clássico DOCG. Oferece 6 rótulos ao mercado, o Chianti Clássico DOCG , o Riserva e um rótulo de cada um dos 4 vinhedos citados acima, sendo 3 deles Gran Selezione, teoricamente o topo da categoria.
São todos ótimos. O Castello dia Ama San Lorenzo Gran Selezione 2016 foi o melhor Chianti que já provei até hoje.

A linha dos vinhos IGT começa com um Rosado mais simples, passa por um bom Chardonnay e um Pinot Nero bem interessante. Mas, definitivamente todas as atenções e holofotes vão para o L’Apparita. Considerado um dos melhores Super Toscanos, L’Apparita é também um dos melhores, senão o melhor, Merlot produzido fora de Bordeaux. Provei a safra 2018 e, apesar de toda a juventude, fiquei maravilhado. Esse é para beber “de joelhos”.
Mais que uma visita, uma lembrança inesquecível
Quando viajamos buscamos experiências únicas, lembranças para levarmos para o resto de nossas vidas.
E foi exatamente assim a visita ao Castello di Ama. Não conheci o hotel, nem o restaurante. Ótima desculpa para planejar um visita no futuro, que espero que seja o mais breve possível.
Que belo artigo, Mestre Renato!! Nitidamente cheio de emoção, além do sempre impecável conhecimento técnico. Essa alma e inspiração que o vinho carrega são um encanto, ainda mais quando capturadas por gênios da arte, e que o Mestre tão precisamente descreve no artigo. Parabéns, mais uma vez!!
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Belíssimo artigo ! Que lugar incrível! Mestre Renato , como é bom ver que pessoas com visão empreendedora podem mudar a história de lugares e principalmente de pessoas .
Parabéns por nos apresentar esses belíssimos vinhos e também nos presentear com essa notável história.
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Grande Nilson. Precisamos provar um desses Chianti em nossos almoços. Abração
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Muito obrigado, meu grande amigo Mazon. É realmente um lugar muito especial. Abraço
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Muito obrigado meu caro amigo Mazon. Um lugar marcante. Abraço
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Esse Castello Di Ama L’apparita falam muito muito bem. Está na wish list!
Mais uma vez, baita artigo!
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Marceu, esse é o famoso “satisfação garantida, ou seu dinheiro de volta”. Abração
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