10 Vinhos Australianos em Safras Envelhecidas

Olá,

O tema do 8º encontro presencial promovido pelo Blog foi vinhos australianos. Mas com um sabor especial, vinhos australianos de safras mais antigas, que variaram de 2002 até 2014.

Além da comprovada qualidade dos vinhos australianos, foi um teste muito interessante para avaliar o potencial de envelhecimento de alguns dos rótulos produzidos por lá.

Mas, antes de falar da degustação propriamente dita, recorremos a nossa especialista em vinhos australianos, a sommeliere Priscilla Hennekam, que escreve aqui no Blog, para nos explicar um pouco mais sobre os principais vales produtores da Austrália.

O texto a seguir pertence a Priscilla e pode ser lido por completo no link a seguir: Guia para ajudar a escolher vinhos australianos.

O Vales da Austrália

A Austrália tem um clima quente em comparação com as regiões da Europa, no entanto, é verdade que todos os vinhos feitos na Austrália têm um teor alcoólico alto e com frutas muito maduras? Em termos gerais, eu diria que sim, mas a Austrália tem muita liberdade em fazer seus vinhos, em comparação com as regras e regulamentos da Europa. É muito divertido descobrir as formas criativas que os enólogos fazem vinhos na Austrália.

Os clássicos são os vinhos tintos de Barossa e McLaren Vale da uva Shiraz, que são mais propensos a serem vinhos ousados, com frutas maduras, com uma boa concentração e intensidade de frutas e taninos robustos. No entanto, você pode encontrar também vinhos tintos muito elegantes na Austrália. As regiões de vinhos, são influenciadas pelo oceano, pelos ventos, pela altitude, pela direção das videiras e etc. Significa também que você pode encontrar muitas uvas diferentes, como por exemplo: Shiraz, Pinot Noir, Chardonnay, Riesling, Semillon, entre outras.

Australiawine

Os principais vales são:

Barossa Valley e McLaren Vale: famosos pelo vinho Shiraz encorpado e com taninos robustos. Essas regiões também são famosas pela GSM e Grenache varietal, que geralmente é colhida mais cedo e feita em um estilo de vinificação que inclui menos extração de taninos e cor e com menos influência de carvalho, produzindo vinhos mais leves.

Em McLaren Vale você também encontrará novas variedades italianas, como Sagrantino, Fiano, Sangiovese e etc..

Eden Valley e Clare Valley: famosos pela Riesling, Cabernet Sauvignon e Shiraz, com um perfil um pouco mais leve que os de Barossa e McLaren Vale, exibindo mais vivacidade e frescor.

Margaret River e Coonawarra: famosas pela uva Cabernet Sauvignon na Austrália, geralmente em Margaret River fazem corte de Cabernet Sauvignon com outras variedades de Bordeaux, como por exemplo Merlot e Malbec. Por outro lado Coonawarra tem focado em poderosos vinhos varietais com apenas a uva Cabernet Sauvignon. Esses vinhos geralmente são fantásticos para os consumidores que preferem vinhos com grande potencial de guarda. Porém, lembre-se das condições necessárias para manter seu vinho na sua adega por um longo tempo.

Quanto as uvas brancas de Margaret River, a minha recomendação é a Chardonnay. Eu sou apaixonada pelo perfil da  Chardonnay desta região, que produz vinhos brancos encorpados. Brancos leves como Sauvignon Blanc (muitas vezes em um blend com Semillon) também são vinhos que se destacam.

Tasmânia: eu confesso que depois do Diploma WSET, eu me tornei uma amante de vinhos espumantes. Esta região é com certeza a minha recomendação para um grande exemplo de espumante da Austrália. Na minha última viagem à Tasmânia, também provei ótimos Pinot Noir, Chardonnay e até mesmo elegantes Shiraz.

Yarra Valley, Mornington Península e Adelaide Hills: essas regiões têm uma influência mais fria, o que é perfeito para uvas de ciclo curto. Chardonnay e Pinot Noir são as estrelas destas regiões. No entanto, alguns bons espumantes são feitos aqui também, além da Sauvignon Blanc de Adelaide Hills ser um dos vinhos mais valorizados da região.

Rutherglen: famosa por vinhos fortificados, e você encontrará os vinhos australianos mais ícones desta categoria aqui. Eles também fazem vinhos de Durif (Petite Syrah), que são vinhos tintos, encorpados, com taninos firmes e uma ótima concentração de frutas.

Hunter Valley: a Semillon é a rainha aqui, o estilo preferido geralmente são vinhos sem barrica de carvalho, mas com um longo potencial de envelhecimento. É por isso que a Semillon de Hunter Valley é parte do sonho de tantos amantes de vinho. Além disso, a Shiraz é feita aqui com muito sucesso. Porém, esta região é mais quente do que as outras regiões. Sendo assim, as vinícolas geralmente colhem as uvas mais cedo, para reter a acidez, resultando em vinhos mais frescos e com um teor alcoólico ligeiramente mais baixo do que os vinhos Shiraz feitos em Barossa, por exemplo.

Riverland e Riverina: essas regiões são ótimas fontes para os amantes de vinho que estão procurando rótulos com preços mais baixos. Aqui temos uma grande variedade de uvas, como por exemplo: Chardonnay, Riesling, Shiraz, Cabernet Sauvignon, entre outras.

A Degustação

O jantar aconteceu no restaurante Mestiço da Vila Nova Conceição. Nossa degustação foi focada na uva Syrah (ou Shiraz) mas também contou com alguns vinhos brancos. Aliás, se você quiser saber a diferença entre Syrah e Shiraz, vale ler o post abaixo:

Porque a Uva Syrah Chama Shiraz na Austrália.

No total, provamos 10 rótulos, sendo 7 vinhos tintos e 3 brancos, em uma sequência de tirar o fôlego. Obviamente, pela idade dos vinhos, tive dificuldades em conseguir as fichas técnicas dessas safras. Então algumas informações técnicas podem variar, visto que usei as safras mais recentes.

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St Andrews Riesling 2005, Clare Valley, Wakefield: imaginem que o produtor indica que o vinho foi produzido para consumo imediato. Abrimos este 100% Riesling após 17 anos e estava perfeito. Na ficha técnica não especifica passagem por carvalho. Notas de petróleo com um leve floral no nariz, em boca estava evoluído e complexo. Experiência incrível. Nota V3 – 91 pontos.

St Andrews Chardonnay 2008, Clare Valley, Wakefield: esse 100% Chardonnay também estava vivíssimo, com notas de frutas brancas e mel. Em boca uma leve nota oxidativa que me agrada e muito pessêgo. Na ficha técnica não especifica passagem por carvalho. Nota V3 – 92 pontos.

Margaret Semillon 2008, Barossa Valley, Peter Lehmann: nesse caso o produtor já indicava uma guarda de 10 anos. Vinho fermentado em aço inox e sem passagem em carvalho. O estágio é em garrafas e sai a venda após 5 anos do engarrafamento. O teor alcoólico é de 11% onde se busca o frescor. Entretanto os anos de evolução agregaram muita complexidade ao vinho. Nota V3 – 92 pontos.

Reserve Shiraz 2005, McLaren Valley, Fox Creek: eleito um dos melhores da noite. Com certeza era um dos mais evoluídos, bem no limite para abrir. Esse 100% Syrah passou 19 meses em barricas de carvalho francês (novo e usado). Aromas de especiarias, carvalho tostado, chocolate e frutas silvestres em compota. Enorme concentração de frutas negras e amora no paladar com os taninos firmes e final prolongado. Nota V3 – 92 pontos.

Reserve Shiraz 2011, McLaren Valley, Fox Creek: também  100% syrah passou 20 meses em barricas de carvalho francês, americano e australiano (novo e usado). Um pouco mais rústico que a safra anterior mas com o mesmo perfil aromático. Nota V3 – 90 pontos.

St Andrews Shiraz 2002, Clare Valley, Wakefield: na minha opinião o melhor da noite. Que vinhaço evoluído. O estágio desse 100% Syrah foi feito em carvalho americano por 12 meses. Aromas de alcaçuz, chocolate e fruta em compota. Em boca estava macio e estruturado com final prolongado. Nota V3 – 95 pontos.

Savitar Shiraz 2007, McLaren Valley, Mitolo: os dos principais nomes da degustação, 100% Syrah, passa 15 meses em barricas de carvalho francês 100% novas. Aromas de cereja madura, chocolate e toffe. Em boca é firme e estruturado, com boa complexidade e final redondo. Nota V3 – 92 pontos.

Stonewell Shiraz 2009, Barossa Valley, Peter Lehmann: safra de 94 pontos da WS, passa cerca de 18 meses em barricas de carvalho francês. Mostrou potência e equilíbrio com notas de chocolate e baunilha na boca. Final firme e persistente. Nota V3 – 92 pontos.

The Dead Arm 2014, McLaren Valley, d’Arenberg: Dead Arm é uma doença da videira causada pelo fungo Eutypa Lata que afeta aleatoriamente vinhedos em todo o mundo. Muitas vezes, as videiras afetadas são severamente podadas ou replantadas. A metade, ou um ‘braço’ da videira, lentamente se transforma em madeira morta. Esse lado pode estar sem vida e quebradiço, mas as uvas do outro lado, embora de baixo rendimento, exibem uma intensidade incrível. Nota V3 – 93 pontos.

Old Block Shiraz 2013, Barossa Valley, St Hallett: último da degustação, também 100% Syrah com 12 a 18 meses em barricas de carvalho. Notas florais no nariz e boa fruta no palato. Nota V3 – 93 pontos.

Bons vinhos a todos.

Serviço:
Priscilla Hennekam:
Instagram: @hennekamsommeliere
Website: www.hennekamwines.com

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