Amigos,
Esse post era para ter sido escrito no início de 2022, quando fizemos a primeira degustação vertical com 7 safras do ícone da bodega. Por falta de tempo e alguma preguiça, não foi escrito.
Como eu sou um fanático pelo vinho, mês passado, em São Paulo, realizamos uma segunda degustação vertical. Dessa vez foram 8 safras, entre a 2004 e 2014. Desta vez eu não poderia deixar de contar essa história a vocês!
História e curiosidades
A bodega Poesia, localizada em Mendoza, na Argentina, faz parte de um grupo de quatro vinícolas francesas, constituído pelo Chateau d’Arce em Bordeaux, Chateau Barde-Haut e a propriedade Poesia em Saint-Émillion e o Clos L’Église em Pomerol.
Os vinhos do grupo são sobretudo a história de um encontro. O encontro entre Patrice Lévèque, um apaixonado viticultor, e sua esposa e enóloga, Hélène Garcin. Patrice raramente sai de seu vinhedo, que recebe sua atenção constante. Como se fosse um dos seus filhos, não consegue imaginar-se longe por muito tempo, porque como ele próprio diz: “Se chover, se fizer frio, ou se houver uma vaga de calor, as minhas vinhas não têm outra escolha senão aguentar. Se eu quiser fazer o meu trabalho direito, então tenho que ficar com elas, sejam quais forem as condições”.
Se este homem da terra tem meios para criar um grande Saint Emilion e um grande Pomerol, o que mais lhe agrada é quando se aprecia o seu vinho. Seria em vão o tremendo cuidado para que o terroir pudesse oferecer uma obra-prima se Hélène, sua esposa, não dedicasse todas as suas energias para apresentá-la ao público. Esta união complementar, esta harmonia natural, não difere daquela entre os elementos deste terroir excepcional. Uma história em que o cenário e os personagens se revezam tocando a partir de uma mesma partitura, que acaba entregando sua mensagem no momento fugaz em que o vinho é provado.
A Bodega Poesia
Mendoza é uma terra árida mas fértil, é fria e escaldante ao mesmo tempo. Uma terra de contrastes moldada pelo homem, um deserto irrigado, um oásis.
O solo consiste em uma argila pesada e vigorosa que age como uma esponja. E se os cascalhos grossos do subsolo escoam o excedente, em Mendoza é sobretudo o clima que dá vigor à vinha e poder aromático aos seus bagos. As velhas vinhas de Malbec e Cabernet Sauvignon foram plantadas em suas próprias raízes (pé franco) em 1935 e floresceram, desde então, sob o olhar atento do Aconcágua e sua neve perpétua. Um contexto único no mundo.
A 900 metros de altura, na primeira denominação da América do Sul (Lujan de Cuyo), o sol e a água da neve permanente trabalham juntos para proporcionar as condições perfeitas para o florescimento da videira. Um local notável, devidamente identificado pelas gerações anteriores, e que ainda hoje oferece uma extraordinária disposição entre os elementos. Um terroir de cultura mista, onde vinhas velhas de Malbec dividem a terra com oliveiras de 200 anos que pontuam a paisagem a cada quatro fileiras.
O Vinho Poesia
Com uma produção anual de cerca de 12.000 garrafas, o vinho é um corte de 60% Malbec com 40% de Cabernet Sauvignon. A viticultura é orgânica e sustentável e o envelhecimento é feito em barricas novas de carvalho francês por um período de 18 a 24 meses, de acordo com as condições da safra.
A Degustação Vertical
Realizada no restaurante El Tranvia do Itaim, provamos as oito safras lado a lado: 2004, 2006, 2007, 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014.
Na sequência nossa opinião sobre as safras e nossa nota:
Poesia 2004: o mais antigo da degustação, também era o favorito, visto que foi o melhor da primeira vertical que realizamos. Desta vez ficou em segundo lugar, mas continua incrível. Bastante evoluído, está em ótimo momento para ser aberto. Nota V3 – 94 pontos.
Poesia 2006: foi o campeão da noite. Desde o primeiro gole já mostrava isso. Aromas de frutas vermelhas maduras, café e tabaco. Em boca taninos finos, madeira e fruta completamente integradas e final harmonioso e prolongado. Nota V3 – 95 pontos.
Poesia 2007: começou um pouco mais fechado e foi abrindo durante a degustação. Precisa decantar uns 45 minutos. Depois que abre mostra todo o potencial do rótulo. Nota V3 – 93 pontos.
Poesia 2010: na minha opinião um dos melhores da noite. Combina toda a classe deste vinho com boa vivacidade e muita fruta no nariz e na boca. Taninos firmes e muita complexidade, notas de baunilha e cereja madura com final macio. Nota V3 – 94 pontos.
Poesia 2011: mostrou que estamos falando de um vinho muito consistente. Estava mais jovem, porém muito equilibrado. Nariz exuberante e em boca notas de chocolate e toffe. Nota V3 – 93 pontos.
Poesia 2012: acompanhou o nível das boas safras. Ainda evoluiu bastante, dá pra guardar uns bons anos na adega. Final firme. Nota V3 – 92 pontos.
Poesia 2013: a safra em Mendoza é especial. Ainda assim precisa evoluir em garrafa. Na vertical percebemos grande diferença entre as safras mais evoluídas. Digamos que ainda estava “verde”. Nota V3 – 91 pontos.
Poesia 2014: mostrou que 10 anos em garrafa fazem muita diferença para esse vinho. Apesar de grande potencial de evolução, estava muito jovem. Nota V3 – 90 pontos.
Bons vinhos a todos!
Tive a oportunidade de abrir a 2006. Ótimo vinho, e apesar de ter um corpo robusto mostarava-se harmônico e deixando a vontade do próximo gole. Procurei então estudar a história por traz do Poesia e me dei com a origem Francesa dentro da garrafa, alma de Bordeaux na minha humilde interpretação. De qualquer forma já fui em busca de outra garrafa. Tem berço, e vale cada taça.
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Belo vinho! Surpreso com o resultado, quando participei a 2006 havia ficado em 4 lugar….
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Valeu meu amigo
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