Marcelo Pelleriti e seus Vinhos Fabulosos

Amigos,

Na última terça-feira tivemos a oportunidade de provar alguns vinhos do renomado enólogo argentino Marcelo Pelleritti.

Entre os vinhos provados, enorme destaque para uma vertical de três safras de um dos vinhos Malbec mais importantes da Argentina, o Lindaflor La Violeta, da bodega Monteviejo, que na minha opinião é um dos 3 melhores da Argentina nesta uva.

Vamos falar um pouco sobre esses vinhos, mas vale conhecer um pouco mais da história do seu criador.

A carreira do gênio

Não tenham dúvidas que estamos falando de um dos principais enólogos da atualidade. Destaque por seu trabalho dentro e fora da Argentina, Marcelo Pelleriti foi o primeiro enólogo latino-americano a obter os tão sonhados 100 pontos de Robert Parker por um vinho produzido na França, Chateau La Violette 2010, produzido em Pomerol.

Marcelo começou a fazer vinhos em 1994. Um pouco depois ele conheceu seu professor, Michel Rolland, que marcou sua vida enológica e iniciou sua carreira na França e na Argentina. Juntamente com Michel desenvolveu um projeto de sonho na zona de Pomerol (França) e na Bodega Monteviejo.

Em 2007 iniciou seu projeto pessoal, Marcelo Pelleriti Wines, além de ser enólogo oficial da Bodega Monteviejo (Tunuyán) e do Chateau La Violette e Chateau Le Gay em Bordeaux (França).

Marcelo Pelleriti é um fanático por rock. Quando não está produzindo vinho, passa horas todos os dias tocando guitarra e ouvindo músicas que vão do rock ao violão clássico. Ele toca com uma banda apropriadamente chamada de The Cellars, tem o show de rádio sobre vinho e rock ‘In Vino Veritas’ com outros fãs do setor e brincando, ele diz que reza para Jimi Hendrix durante a colheita.

O primeiro vinho que ele fez chegar ao lançamento comercial com um músico argentino foi o Abremundos, com o guitarrista e compositor Pedro Aznar. Sua série de blends tintos tem uma temática musical, com nomes como “Octava Bassa” e “Página 1”, e o blend proveniente de sua propriedade no Vilarejo de Vinicultores da The Vines of Mendoza é composto predominantemente de Cabernet Franc e Malbec.

Não demorou muito para que outros músicos da Argentina também quisessem produzir seus próprios vinhos com o Marcelo, e hoje o enólogo colabora com outros músicos, tais como Felipe Staiti, Juanchi Baleiron, Coti, Rano Sarbach e Jaime Torres para fabricar rótulos e vinhos individuais adequados aos seus diferentes estilos e gostos.

Marcelo produz vinhos de maneira mais tradicional. O enólogo salienta que o consumo de vinho no mundo está mudando e que, para se adaptarem a esta mudança, as vinícolas estão produzindo vinhos mais jovens e mais fáceis de beber. “Temos que fazer isso, mas se não fizermos também vinhos para envelhecer para beber em 30 anos, de altíssima qualidade, não deixamos marca no país. Estratégia de mercado final que posiciona a Argentina”, destaca.

Espero que ele continue produzindo as chamadas “bombas de fruta” que tanto agradam o paladar deste modesto editor do Blog.

A Degustação

O painel completo contou com alguns vinhos extra mas esse post será dedicado aos 7 vinhos, entre branco, tintos e de sobremesa, produzidos por Marcelo.

A escolha do restaurante foi óbvia, pois os vinhos gritavam por um bom churrasco. Desta forma, mais uma vez fizemos no El Tranvia do Itaim.

Provamos inicialmente um Lindaflor Chardonnay, excelente branco de Mendoza, na sequência foi a vez do Lindaflor Blend. Emntão, chegou a vez da degustação das 3 safras do La Violeta lado a lado com o ícone do projeto pessoal do Marcelo, o Pelleriti Gran Cuvée. Pra fechar, o Lindaflor Chardonnay Tardio. Na sequência nossa avaliação dos vinhos.

Lindfaflor Chardonnay 2018, Monteviejo: uvas 100% Chardonnay, estagia em ovos de concreto e barricas de carvalho francês de primeiro e segundo uso durante 12 meses. Combina um bom volume em boca com elegância e ótima acidez. No nariz a na boca notas de frutas brancas e uma leve baunilha. Final equilibrado. Nota V3: 92 pontos.

Lindfaflor Blend 2010, Monteviejo: corte de 80% Malbec e 20% Syrah, com passagem de 18 meses em barricas de carvalho francês (40% primeiro uso). Cor roxa intensa, aromas de frutas negras e vermelhas, potência, taninos aveludados pelos anos e notas de baunilha e chocolate. Grande vinho. Nota V3: 93 pontos.

Lindfaflor La Violeta 2008, Monteviejo: uvas 100% Malbec, com passagem de 24 a 36 meses em barricas novas de carvalho francês e uma guarda de 7 anos em garrafas. A pura essência do Malbec. Cor roxa intensa, aromas de frutas negras e vermelhas, potência, equilíbrio e final prolongado. Difícil escolher entre a safra 2009 e 2008 qual foi o melhor. Nota V3: 98 pontos.

Lindfaflor La Violeta 2009, Monteviejo: uvas 100% Malbec, com passagem de 24 a 36 meses em barricas novas de carvalho francês e uma guarda de 7 anos em garrafas. Assim como a safra anterior, estava em ótimo momento para abrir. Esbanja complexidade, potência, muita fruta em compota no nariz e boca e taninos firmes. Daqueles que ficam na memória. Nota V3: 98 pontos.

Lindfaflor La Violeta 2011, Monteviejo: uvas 100% Malbec, com passagem de 24 a 36 meses em barricas novas de carvalho francês e uma guarda de 7 anos em garrafas. O mais jovem dos três estava excelente mas, provado ao lado das outras safras, mostrou que poderia ter sido guardado por mais alguns anos. É o mais elegante dos três, menos potente. Nota V3: 96 pontos.

Gran Cuvée 2011, Pelleriti Wines: corte de 80% Malbec e 20% Cabernet Franc com passagem de 24 meses em barricas de carvalho francês. O Cabernet Franc dá um toque diferente no vinho, elegante e complexo mas, na minha opinião, o La Violeta foi superior em todas as safras. Mesmo assim estamos falando de um grande vinho, com largo final. Nota V3: 95 pontos.

Lindaflor Chardonnay Tardio 2017, Monteviejo: uvas 100% Chardonnay de colheita tardia. Fermentação em barricas de carvalho francês. Envelhecido em barricas durante 22 meses. Nota V3: 91 pontos.

Bons vinhos a todos!!