Degustação Quinta da Romaneira – Parte 2

Na segunda parte da matéria sobre a Quinta da Romaneira, (confira a primeira parte clicando aqui) apresento uma entrevista com Marisa Cavadas, responsável pela parte comercial da vinícola e pela divulgação da marca no Brasil.

Marisa Cavadas é formada em enologia pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, mas está nesse momento na área comercial da vinícola. Antes de ingressar na Quinta da Romaneira, em 2012, trabalhou como gerente de exportações na Bodega Argenceres, na Espanha.

Rodrigo Sitta e Marisa Cavadas

1. Qual o preço do vinho tinto, ícone de vocês, o Quinta da Romaneira Douro Reserva, nas lojas em Portugal?

Em lojas como a Garrafeira Nacional, esse vinho custa algo em torno de 40 euros.

2. Aqui no Brasil esse vinho chega a custar mais de 400 reais, qual a percepção de vocês sobre a carga de impostos?

É bastante complicado, pois não temos nenhum controle sobre a carga de impostos e o vinho acaba por ter um custo excessivo na nossa opinião em relação ao que seria desejável, mesmo sabendo que esses impostos incidem também sobre os concorrentes.

3. E você acredita que se os impostos fossem menores, o brasileiro consumiria mais vinho?

Não só em relação à quantidade, mas também acredito que seriam consumidos vinhos de melhor qualidade. Eu costumo comentar com nosso importador que se nós tivéssemos ao menos uma carga tributária semelhante à aplicada a vinhos do Mercosul, isso já mostraria essa alteração no perfil de consumo. Até pela ligação histórica entre Brasil e Portugal, os governantes deveriam trabalhar para melhorar as condições atuais.

4. Quais países são os maiores consumidores dos vinhos da Quinta da Romaneira?

Atualmente os vinhos são distribuídos para 35 países. Os principais, além de Portugal, são Brasil, Dinamarca, Estados Unidos, Holanda e China.

5. Atualmente a China já compra de muitas vinícolas. Eles serão o maior consumidor mundial de vinhos?

Apesar de ser um pais muito populoso, a cultura do vinho ainda não é muito difundida, atinge apenas a uma pequena parte da população. Ainda temos o fato que de que os vinhos da Quinta da Romaneira serem vinhos de média e alta gama em sua maior parte, ficando um pouco mais caro que o usual no mercado chinês. Ainda há um longo caminho para desenvolver o mercado chinês.

6. Entre os vinhos da Quinta da Romaneira, qual o preferido?

Eu gosto do próprio Douro Reserva, pois é nosso vinho mais especial. Além dele, também gosto do Petit Verdot, porque é um vinho completamente diferente de tudo que se faz no Douro.

7. Tudo que se diz sobre a dificuldade na produção da uva Petit Verdot e dos altos custos também acontecem no Douro?

Sem dúvida, é a uva mais difícil, tanto que nós não conseguimos produzir o Petit Verdot em todas as safras. A principal dificuldade é conseguir amadurecer as uvas e, dessa forma, somente nas melhores safras o vinho é lançado.

10 comentários em “Degustação Quinta da Romaneira – Parte 2

  1. Bela série da Romaneira, Rodrigo. Portugal hoje já é o segundo maior exportador de vinhos para o Brasil. Ultrapassou a Argentina e esta atrás apenas do Chile.
    Obrigado por compartilhar seus conhecimentos sobre o mundo do vinho.

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  2. Ótima abordagem Sitta. Ficamos realmente envergonhados quando comparamos os preços locais, vs. preço Brasil. Isso prejudica inclusive a divulgação dos vinhos europeus dentro do país.
    Grande abraço!

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  3. A China está comprando nosso Vinho, levando contentores cheios do nosso néctar. Qualquer dia, temos o vinho ao preço do Ouro, face à escassez na oferta….muito preocupado sobre esta questão!! As produções estão a esgotar muito rápido…. só stockando, para mais tarde recordar. De outra forma, fica impossível. Produções de 20mil garrafas, desaparecem no mercado em semanas…. 😦

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