Amigos,
O que reparei ao longo dos últimos dois anos foi um crescimento expressivo do número de vinhos com pontuações altíssimas. Pontuações essas, dadas por desde os críticos mais renomados até por alguns guias regionais.
Somente para exemplificar esse fato, contabilizado as últimas pontuações de James Suckling para vinhos de 100 pontos temos o quadro abaixo:
2014 |
2015 | 2016 | 2017 |
05 | 07 | 23 |
12 |
E como existem vinhos de diversas safras em cada uma das listas, o fator que poderia ser uma determinada safra espetacular é descartado para justificar esse aumento.
Vamos as boas notícias então: isso mostra uma clara tendência dos enólogos em se preocupar, cada vez mais, em produzir vinhos mais prontos para o consumo imediato, sem necessidade de um período muito longo de guarda, como também mostra que o aspecto qualidade tem concentrado esforços e investimentos por parte de equipes técnicas e vinícolas. Essa tendência e preocupação tem sido inclusive relatada na maioria das entrevistas com os enólogos durante as visitas que tenho feito às vinícolas e as feiras de vinhos.
Acontece, entretanto, que não são somente boas notícias. Tem havido uma clara supervalorização dessas pontuações que refletem em boa parte das vezes diretamente nos preços dos vinhos. Alguns exemplos a seguir:
– Chadwick 2014 (JS100) custa hoje R$ 1.750 na Errazuriz contra pouco mais de R$800 na safra anterior.
– Catena Zapata Fortuna Terrae 2012 (JS100) custa hoje cerca de R$ 1.000 na Argentina, por incrível que pareça mais que o ícono da vinícola, o Estiba Reservada.
– Seminare Malbec 2015 (vencedor do Guia Descorchados com 99 pontos) custa R$ 450 na Argentina e nesse caso a minha avaliação, a de muitos amigos e a média dos usuários do Vivino sequer refletem essa pontuação e muito menos justificam o preço. Mas essa já é uma outra discussão para um próximo Post.
– Familia Necchini Blend 2012 (vencedor como melhor vinho uruguaio do Guia Descorchados com 95 pontos) hoje custa mais caro no Uruguai do que vinhos mais renomados como o Maximo Deicas e o Il Nero.
– Guaspari Vista do Chá que sempre teve preço similar ao Guaspari Vista da Serra hoje custa 10% a mais que seu “irmão” devido as últimas premiações. Isso sem falar que a linha teve aumentos muito maiores que a inflação nos últimos anos e quase dobrou o preço.
Então minha humilde conclusão é que apesar de termos cada vez mais vinhos melhores e mais prontos, será mais difícil poder prova-los em função do custo. Cada vez mais esses vinhos ficarão limitados a uma pequena parcela dos amantes do vinho.
E com isso, as vinícolas que souberem aproveitar para oferecer bons vinhos a preços razoáveis serão com certeza premiadas da melhor maneira: com ótima aceitação e o resultado nas vendas para o público em geral que sabe comprar e avaliar um valor justo.
Não tenho dúvida de que pontuações e premiações devem ser consideradas sempre com muito cuidado. Quando vou consultar algum vinho, sempre procuro a opinião de mais de uma especialista, se for o caso. A quantidade de vinhos acima de 90 pontos é absurda e como o número de pessoas que compra pela pontuação é exagerado, o mercado aproveita a oportunidade.
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Perfeito!!! Penso do mesmo modo.
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Oi Sitta, estive na Europa mês passado e me surpreendi com aumento nos preços dos vinhos! Sabemos que muitas coisas influenciam o valor final de um vinho, mas as altas pontuações tem inflacionado muito!
Ano passado comprei um Sassicaia 2015 e paguei 189,00 euros. Depois que a Wine Spectator elegeu o Sassicaia 2015 como o vinho do ano em 2018 o valor subiu para 299,00 euros!!! Desse jeito fica difícil de diminuir nossa Wishlist!!!
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Sassicaia é de fato o maior exemplo.
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Mais um excelente post, Sitta! Acredito que existe essa supervalorização, sem dúvida.
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Concordo com seus termos Sitta. Muitos vinhos passaram por essa transição. Seja em razão das pontuações, seja da forma que ganhou fama entre os consumidores. Exemplo disso é o EPU. Parabéns por mais essa excelente matéria. Abraços amigo.
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Excelente post e ponto de vista Rodrigo! Parabéns
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Parabéns pelo post, Sitta.
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Obviamente, as notas altas da crítica especializada sempre vão provocar esse efeito colateral no preço. É natural a vinícola querer aproveitar a oportunidade para precificar seu vinho de forma a destacar a relevância que a crítica lhe confere. O que vale, em regra, ao fim das contas, é a lei da oferta e procura. Contudo, o efeito de alguns críticos no mercado realmente cria essas distorções. Parabéns pelo artigo.
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Tocou na “ferida” de forma contundente! Podemos perguntar: será que tantas notas altas não seriam pagas? E isso cria um circulo vicioso e positivo para a indústria de vinho? Afinal, a tendência é que produtos valorizados ganhem valor agregado, vide exemplo do Seminore…por isso que a critica deve ser encarada com ressalvas. E também um efeito colateral dos Críticos: mudança na maneira de fazer vinhos, as produtoras mudando seu DNA para agradar o gosto deste ou daquele Crítico, exemplo quando muitas vinicolas “parkerizaram” os seus produtos para agrada-lo e ganhar visibilidade.
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Meu amigo, de forma geral concordo com os comentários. Todavia há nuances que precisamos de um vinho para discutir e, sem ser pontuado! Há algum tempo considero as pontuações de forma relativa. Um grande abraço.
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William.
Eu também considero de forma relativa. Mas é fato que na maioria das vezes ela afeta o preço do produto. Isso não é um benefício para o consumidor final.
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Belo post Sitta. Sem duvida há muito mais que uma nota por trás destas avaliações. Cabe a nós sermos críticos e espertos, a fim de não cair em armadilhas.
Outro ponto importante é… Este preço inflacionado pode “encavalar” com vinhos de maior qualidade, fazendo com que sua procura baixe muito.
Boa reflexão!
Abraço!
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Sitta, vejo essas pontuações ( na maior parte delas) como jogada de marketing para supervalorizar os vinhos.
Boa matéria!!!
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Concordo em gênero, número e grau
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Como sempre, um ótimo post Sitta, um assunto muito pertinente e necessário ser discutido.
Abs amigo!
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Muito bom post sitta. Concordo !
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Parabéns pelo otimo texto Sitta!
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Disse tudo xará. Não há como saber se existe o jabá na indústria do vinho, mas que existe essa super valorização não há dúvida. Parabéns pelo post
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Olá Rodrigo, não gostou do Seminare Malbec 2015? não experimentei ainda, mas fiquei preocupado… kkkk
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Renato.
Na minha opinião não vale o preço
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Uma verdade que não quer calar: as pontuações dos críticos, nem sempre isentos, virou razão para as vinícolas e o mercado aumentarem preços abusivamente…
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Voltamos há dar valor para etiqueta e não para qualidade
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