O Melhor Pior Vinho Que Já Provei

Amigos,

O título pode até parecer estranho ou confuso, mas tenho certeza que até o final deste post, ele fará todo sentido.

Mas antes de começar, quero lembrar a todos que não sou tão bom em crônicas com nosso querido Fernando Procópio, que tão bem as faz aqui no Blog. Mas essa experiência precisa ser relatada.

Há poucos dias aconteceu o jantar de aniversário do Edson Zveibil, que preparou uma lista de rótulos especiais para comemorarmos a data. Tive a honra de ajudá-lo na escolha dos rótulos e de organizar a sequência e o serviço durante o jantar de comemoração.

Entre os vinhos selecionados para o evento, um rótulo fora da curva, especial, daqueles que a gente já fica imaginado que será fantástico. Sim ,a famosa maldita expetativa, que já foi tema por aqui. E ainda com a informação do Edson de que já havia provado o “irmão” dele, pois havia comprado duas garrafas. E a primeira foi sublime! Resultado, expectativa em dobro!

E qual era esse rótulo que causou essa expectativa? Um Champagne Dom Perignon Rosé 1998. Em garrafa Magnum que como já falamos permite uma evolução ainda melhor nos vinhos.

A Influência do Tamanho da Garrafa na Conservação e Envelhecimento dos Vinhos: Vinhos Magnum

Na hora do serviço, os devidos cuidados. Temperatura devidamente checada, taças prontas e uma entrada preparada para harmonizar com uma das estrelas da degustação, talvez a principal delas. Esse Champagne foi o segundo na ordem de serviço, após um Champagne Bourgeois-Diaz BD’3C N.V,, que por sinal estava excelente.

Na hora de abrir o Champagne, um susto, a rolha estava “solta”, com a ponta completamente retraída, sem nenhuma expansão. Após tirar o muselet (nome dado a gaiola de arame que se encaixa sobre a rolha de uma garrafa de champanhe), a rolha saiu com extrema facilidade.

Restava torcer para ser apenas um defeito na rolha. Mas não era. Ao servir, aquele líquido que me deixava em enorme expectativa estava totalmente oxidado, quase sem perlage e com uma cor muito mais escura que o esperado Rosé. Estava quase marrom.

Com muita descrição comuniquei ao aniversariante. Decidimos alertar a todos do ocorrido mas servir uma pequena taça a cada convidado, que serviria como um enorme aprendizado!

E por isso posso dizer que esta foi a melhor pior experiência com vinhos que tive até o momento, pelo aprendizado. Obviamente que um Champagne 1998 já tem um considerável estágio de evolução, mas o produtor e algumas verticais desse rótulo que já acompanhei permitem dizer que era para estar em ótimas condições. Somado ao fato da excelente primeira garrafa aberta pelo Edson.

E qual foi esse aprendizado? A evolução de um vinho depende especificamente de cada garrafa. São muitas variáveis: rolha, guarda, barrica, transporte, entre outros que podem fazer duas garrafas do mesmo vinho tenham comportamento diferente durante seus anos de evolução. Me arrisco a dizer que neste caso foi um defeito na rolha, mas não é possível cravar.

Também nos ensina que para tomar vinhos durante o auge de sua evolução, sempre haverá riscos, saber administrá-los beira o empirismo. E grandes produtores também podem falhar.

Queria dizer que esta foi minha última experiência ruim (apesar de boa). Mas com certeza não será. E é por isso que sou apaixonado pelo mundo dos vinhos e as experiências que ele nos oferece.

Ah, os vinhos da sequência estavam excelentes e foi um grande jantar de comemoração!

Felicidades ao Edson e um brinde a todos!

4 comentários em “O Melhor Pior Vinho Que Já Provei

  1. Imagino o desapontamento. Mas você bem soube transformar a experiência nessa bela crônica, uma ótima maneira de compartilhá-la com teus leitores. Mas o importante é continuar arriscando sempre. Muitos rótulos tops ainda te esperam.

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